Neste dia 8 de maio de maio se completam seis décadas de um episódio dos mais relevantes para o contexto político acreano, mas que não foi não merecedor de manifestações nas redes sociais pelas principais figuras da conjuntura política atual: a deposição ou renúncia forçada do primeiro governador eleito democraticamente no estado – José Augusto de Araújo.
O historiador Marcos Vinicius Neves, por meio do Facebook, chamou a atenção para o silêncio. “Completo silêncio na mídia, instituições e políticos acreanos… Há 60 anos, 08 de maio de 1964, o primeiro governador acreano eleito democraticamente, José Augusto de Araújo, foi obrigado a renunciar. Um expurgo político, produto da Ditadura Militar”, postou.
Em seguida, Neves citou um trecho da música Cálice, composição de Chico Buarque e Gilberto Gil. “Esse silêncio todo me atordoa, atordoado eu permaneço atento na arquibancada, pra a qualquer momento, ver emergir o monstro da lagoa”.
A filha e herdeira política do ex-governador, a ex-vice-governadora Nazaré Araújo, também não havia feito menção à data histórica nas suas contas nas redes sociais Instagram e Facebook até o fechamento desta publicação.
José Augusto de Araújo foi eleito de forma direta em 1962 e empossado em 1963. Após uma breve e conturbada administração, ele foi deposto em 8 de maio de 1964 por um golpe implementado pela 4ª Companhia do Exército, tendo à frente o capitão Edgard Pedreira de Cerqueira Filho.
Mais adiante, em 4 de julho de 1966, Araújo foi cassado e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos com base no Ato Institucional nº 2, editado em 27 de outubro de 1965. A cassação só seria revogada em 2014, em sessão solene realizada pela Assembleia Legislativa do Acre (Aleac).
Na ocasião, a viúva de José Augusto, Maria Lúcia Melo de Araújo, disse que a devolução do mandato era dedicada ao povo acreano. “A devolução desse mandato não é para ele, pois ele está em um lugar muito bom, é para o povo. Pois foi o povo acreano que o elegeu e o colocou lá em cima com a esperança de que dele fizesse muita coisa boa pelo Acre. Mas, infelizmente, veio o golpe e não podemos fazer nada”, afirmou.
José Augusto de Araújo morreu no Rio de Janeiro, em 3 de maio de 1971, aos 41 anos, depois de ter cumprido prisão domiciliar e enfrentado problemas de coração.