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Lula: Brasil pode ter de importar arroz e feijão por causa das chuvas no RS

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O presidente Lula afirmou que as enchentes registradas no Rio Grande do Sul podem obrigar o Brasil a importar arroz e feijão para equilibrar a produção nacional.


Agora, com a chuva, acho que atrasamos de vez a colheita do Rio Grande do Sul. Portanto, se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão, para colocar na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha.


Presidente Lula, no programa “Bom dia, presidente”


O que Lula disse


O preço do arroz e do feijão já era discutido antes das chuvas no Sul do país. 


Segundo Lula, ele já tinha conversado com ministros sobre o aumento no preço dos alimentos, que foram justificados pelo atraso na colheita e pela diminuição da área plantada.


“Agronegócio nunca teve tanta facilidade”, declarou o presidente. O petista mencionou, em entrevista a rádios nesta terça-feira, os benefícios que o governo federal deu ao setor.


Acho que as pessoas podem se queixar de alguma coisa, mas o agronegócio sabe perfeitamente bem que nunca eles foram tão bem atendidos. Nunca. Até dinheiro em dólar, pelo BNDES, emprestamos.


Lula


Qual será o impacto das chuvas no arroz

O Rio Grande do Sul produz 70% de todo o arroz no Brasil. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os produtores do estado devem colher 7,48 milhões de toneladas ao final desta safra. Mas essa previsão foi divulgada antes do evento climático.


Esse número provavelmente será revisado para baixo em breve, alertam especialistas. O Irga afirma ser difícil calcular os prejuízos no momento porque as tempestades continuam.


A safra deste ano deveria ter sido encerrada em abril, mas as chuvas atrapalharam.


O Irga afirmou na última sexta-feira (3) que 82,8% da colheita foi concluída. Ainda restam aproximadamente 150 mil hectares para serem colhidos. A região central, que inclui as cidades de Santa Maria, Agudo e Dona Francisca, é a mais afetada pelas enchentes e igualmente a mais atrasada, com 62% da área colhida.


A sequência de atrasos traz outras consequências graves no campo. O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Ariano Magalhães Júnior, diz que o arroz colhido fora de época tem qualidade inferior. Os grãos crescem durante um período mais frio e com menos sol. Além da provável redução na safra, mais uma perda em produtividade é esperada.


A produtividade do arroz no estado estava estimada em 8.600 kg por hectare, mas eu imagino que agora vai ter uma diminuição, talvez algo em torno de 8.200 kg a 8.300 kg por hectare. Isso deve trazer uma perda de 5% a 7% na safra.Ariano Magalhães Júnior, pesquisador da Embrapa Clima Temperado


O mesmo aconteceu no ano passado. Em 2023, os produtores do estado atrasaram o plantio das sementes por causa das tempestades que caíram a partir do segundo semestre.


Prejuízos na agricultura

Chuvas que atingiram o RS já causaram R$ 423,8 milhões em prejuízos na agricultura. O dado foi divulgado pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios).


O Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do Brasil e o segundo maior produtor de soja. A CNM prevê que os danos serão “infinitamente superiores” e ressalta que o foco dos municípios é salvar vidas. “O valor total dos danos e prejuízos irá aumentar à medida que as águas forem baixando e os gestores locais conseguirem contabilizar esses dados.”


Considerando toda a economia do estado, o prejuízo está estimado em R$ 967,2 milhões. Os dados foram coletados entre 29 de abril e 5 de maio e consideram apenas 25 municípios que registraram seus prejuízos no sistema da Defesa Civil. Em 2023, o ciclone que atingiu o Rio Grande do Sul causou mais de R$ 3 bilhões em prejuízos financeiros, segundo a CNM.


Chuvas deixaram pelo menos 90 mortos no RS

Municípios gaúchos são atingidos há mais de uma semana pelos impactos de tempestades na regiãoAlém de 90 mortos, o estado contabiliza 132 desaparecidos e 361 feridos.


78% dos municípios gaúchos foram afetados pela chuva. Ao todo, 388 municípios e 1,3 milhão de pessoas foram afetadas pelas tempestades. Há 155.741 desalojados e 48.147 pessoas alocadas em abrigos.


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