O prato frio e a breve história do Galo e da Pérola

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Editorial ac24horas

O Progressistas não sabe o que fazer com a decisão que resultou na expulsão de Bocalom em um processo gestado desde setembro do ano passado. A síntese será um arremedo que apequena o partido, expõe os cálculos pessoais de Gladson Cameli, Bocalom e Marcio Bittar e consolida a imagem que o senso comum traz da “política”.


Por que o Progressistas sairá apequenado do processo? Independente do resultado do próximo outubro, o Progressistas sairá menor porque não agiu como partido. Já se tratou do assunto neste espaço, mas se faz necessário reforçar: por uma concepção equivocada de “democracia interna”, o Progressistas foi deixando grassar uma permissividade perigosa.


O partido foi omisso, com as bençãos da maior liderança. E expulsou da sigla o prefeito Tião Bocalom sem que nenhuma conduta da administração municipal referendasse tamanho trauma. Discorde-se da forma e até mesmo da estética da administração do atual prefeito, mas nada que ele tenha feito, enquanto gestor, atentou contra os princípios do estatuto do partido.


A direção municipal foi deixando que o prato frio da vingança fosse encontrando o tempero ideal com uma retórica canhestra, guenza, para expulsar Tião Bocalom do partido. Em fevereiro deste ano, Bocalom anunciava o ingresso no PL em um ato na Praça da Revolução.


Os ajustes que essa mexida provocou geraram percepções que desqualificam o debate político e encontram explicações de disputas muito além do Progressistas. Gladson Cameli providenciou movimentos internos mas, equivocadamente, não tornou públicas algumas jogadas. Marcio Bittar, em uma trincheira interna no União Brasil com o senador Alan Rick, aproximou-se de Bocalom, oferecendo um novo céu em um partido cujo presidente nacional, acostumou-se a cifras na casa do milhão, com garagem recheada de jóias dos novos ricos de holerite.


Por que o apoio de Gladson a Bocalom gerou percepção, em muitos dos apoiadores, que traz o debate político a um nível mais elementar? Porque transmite a falsa ideia de que existe um salvador da pátria; existe um nome redentor; existe um herói com capa reluzente que terá uma grande ideia que salvará todos. E, nesse movimento, tratar o povo como detalhe é um piscar de olhos.


Qual o cálculo de quem raciocina assim nesse movimento de apoio de Gladson ao PL? A soma resulta na seguinte expressão: uma vez reeleito à Prefeitura de Rio Branco, Bocalom se cacifa para disputar o Governo do Acre em 2026; Alysson Bestene assume a PMRB; Gladson se reelege ao Senado junto com Marcio Bittar. E todos, claro, ficam felizes.


Pragmatismo? Para alguns, talvez. Na verdade, além de não combinar com o povo essa sequência de felicidades, é preciso lembrar que isso é uma alegria em que a coisa pública parece ser um detalhe.


E é essa percepção que faz com que o senso comum vá construindo uma ideia menor de “Política” que guarda relação com aquela já tão conhecida lógica do “em mesa com pouco pirão, o meu bocado primeiro”.


Uma leitura possível que reforça o tamanho do Progressistas: terá, em 2024, um candidato a vice-prefeito, cuja chapa é encabeçada por uma pessoa recém expulsa do partido. Isso não é opinião. É o que os fatos apresentam. Há situações periféricas: como ficará Maílza Assis? E Socorro Neri, que está bem cotada para o Senado, permanecerá no partido após o silêncio que se auto impôs na eleição de 2024 na Capital?


O Progressistas está parecendo com a história do Galo e da Pérola. Diziam as antigas professoras de Língua Portuguesa, remontando ao tempo em que os bichos falavam: o Galo encontrou uma pérola no quintal e a levou a um lapidário. Lá chegando, reconheceu ao homem que aquilo era de muita valia. Mas a ele, Galo, muito mais serventia uma espiga de milho tinha.


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