Os pais de uma das alunas acusadas de racismo contra a filha mais velha da atriz Samara Felippo disseram que irão retirar a filha da escola Vera Cruz, colégio particular na zona oeste de São Paulo. A mensagem foi enviada em um grupo de mensagens com outros responsáveis da turma e obtida pelo jornal O Globo.
De acordo com o comunicado, a família disse que se considera “uma família progressista” e que “busca evoluir numa educação antirracista”. Eles também afirmaram que pediram desculpas à vítima e familiares.
“As escolas são microcosmos dessa nossa sociedade estruturalmente racista e violenta. Nos consideramos uma família progressista, que há anos busca caminhar e evoluir numa educação antirracista”, informa um trecho da mensagem.
Eles ainda escreveram que levaram um “susto” quando a filha contou que havia sido ela, entre outras amigas, que praticou o ato contra a filha de Samara.
“Nossa filha sempre foi uma menina educada e afetiva com as amigas nesses 13 anos de vivência escolar. Diferentemente do que alguns disseram nos grupos de Whatsapp, ela não é reincidente e nunca teve denúncias prévias de mau comportamento. É uma adolescente em formação como cidadã –como os filhos de todos vocês. Que comete erros e acertos, como todos nós já cometemos em nossas vidas”, afirmou o texto, segundo o jornal.
Entenda o caso
A atriz Samara Felippo denunciou um caso de racismo contra uma de suas filhas, de 14 anos, praticado por outras estudantes na escola Vera Cruz.
As alunas responsáveis foram suspensas pela instituição de ensino, que diz ter acolhido a vítima e aplicado sanções às duas alunas identificadas como autoras da agressão. A adolescente vítima do ato criminoso é fruto do relacionamento da atriz com o ex-jogador de basquete Leandrinho.
De acordo com relato feito por Samara em um grupo de pais no Whatsapp, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, sua filha mais velha teve o caderno furtado, folhas foram arrancadas e, em seguida, ele foi devolvido ao achados e perdidos da escola com uma ofensa de cunho racial escrita em uma das páginas. O caso ocorreu na última segunda-feira, 22.
Samara expressou sua indignação com a violência sofrida pela filha: “Ainda estou digerindo tudo e talvez nunca consiga, cada vez que olho o caderno dela ou vejo ela debruçada sobre a mesa refazendo cada página dói na alma. Choro. É um choro muito doído. Mas agora estou chorando de indignação também”.
A atriz abriu um boletim de ocorrência e a Polícia Civil vai investigar o caso. O caso, registrado como “preconceito de raça ou de cor”, foi encaminhado ao 14° DP (Pinheiros).
Posicionamento da escola
O Vera Cruz reconheceu o caso e enviou um e-mail, obtido pelo Estadão, para os pais dos alunos do 9º ano, série que a filha de Samara está cursando. No comunicado, o coordenador Daniel Helene diz que a menina procurou a professora e a orientadora da série quando se deparou com as ofensas no caderno e foi acolhida.
“Desde o primeiro momento, mantivemos contato constante com a família da aluna vítima dessa agressão racista, assim como permanecemos atentos para que ela não fique demasiadamente exposta e seja vítima de novas agressões. Na circular enviada a todas as famílias no mesmo dia, solicitamos que todos conversassem com seus filhos sobre o ocorrido, e, na terça-feira, dia 23 de abril, duas alunas do 9º ano e suas famílias compareceram à escola, responsabilizando-se pelos atos”, explica o e-mail.
As alunas foram suspensas por tempo indeterminado e tiveram a participação em uma viagem da escola vetada. “Ressaltamos que outras medidas punitivas poderão ser tomadas, se assim julgarmos necessárias após nosso intenso debate educacional, considerando também o combate inequívoco ao racismo”, afirmou o coordenador.
No texto enviado ao grupo de pais, Samara diz que pediu a expulsão das alunas responsáveis e afirma que a escola tem conduta omissa diante de reiterados episódios de preconceito.
“Não é um caso isolado, que isso fique claro!!! Os atos hostis e excludentes vem sendo cada vez mais violentos e reincidentes. (Ela) só queria fazer parte de uma turma e era excluída de trabalhos, grupos, passeios, aceitava qualquer migalha e deboche feito pelas mesmas garotas, e seu nome sempre era jogado em fofocas, ‘disse me disse’ e culpada por atos que não cometia”, afirmou a atriz no grupo de pais.
Procurada pela reportagem, a escola afirmou que, desde o primeiro momento, “reconheceu a gravidade deste ato violento de racismo, nomeando-o como tal, e imediatamente foram realizadas ações de acolhimento ao aluno agredido e sua família”.
Afirmou ainda que, “no dia seguinte ao ocorrido, os agressores se identificaram e se apresentaram à escola, com suas famílias, e diversas medidas foram tomadas, sempre no sentido de acolher o aluno vítima da agressão e sua família, bem como no sentido de garantir que os alunos agressores entendessem a dimensão de seu ato”.
O colégio disse que, “depois de amplo e intenso processo de apuração, foi possível promover um encontro entre os três alunos envolvidos, com mediação da escola” e, em seguida, “os agressores foram informados das sanções definidas inicialmente, dentre elas, uma suspensão por tempo indeterminado”.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
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