Fabrício Lemos entrevistou, no programa Médico 24 Horas desta segunda-feira (15), a médica ginecologista e obstetra Grace Mônica Alvim, mineira com atuação no Acre há mais de 20 anos.
Grace falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos médicos no Juruá, no interior do Acre, antes da abertura da BR-364. “A gente era abastecido por aviões do Exército, que levavam materiais médicos, e balsas. Andamos na BR-364 sem asfalto, em seringais, antes de ser asfaltada. Naquele tempo, existiam hospitais que eram casas antigas, precárias. Nós dávamos um jeito de anestesiar e fazer cirurgias eletivas e urgências, mas, mesmo diante de tantas dificuldades, nós tínhamos pouquíssima complicação”, conta a médica.
Sobre as patologias mais comuns na rotina do consultório, a médica obstetra e ginecologista diz que a maioria das queixas são benignas ou facilmente curáveis. Ela relata também que miomas, endometriose e outras patologias desenvolvidas a partir de partos normais também são comuns. “O que mais me dói, sinceramente, aqui na região Norte como um todo, é a questão do câncer do colo do útero, porque é um câncer previsível, tratável e curável. É uma doença transmitida por um vírus, o HPV, que tem mais de 120 tipos, mas que dois particularmente são mais importantes, o 16 e o 18, e são transmitidos sexualmente. Depois do advento da liberdade feminina na questão sexual, as relações começaram a ficar mais constantes e variadas, então a possibilidade de contrair a doença é muito grande”, disse.
Segundo a médica, o HPV costuma se instalar no órgão genital como um processo inflamatório viral que evolui para lesões que são facilmente identificáveis pelos exames de rotina. Quando a lesão é identificada no início, é feita a retirada da lesão com um acompanhamento médico. O problema é a não identificação do problema seguida do não acompanhamento da lesão, que tem a tendência de evoluir, sem o devido tratamento. “A ideia hoje é a identificação dos vírus principais para fazer uma segmentação mais direta das pacientes. Agora, se a paciente não vai ao médico, vai ter o câncer. Temos meninas de 15 anos com câncer de útero, mas o HPV demora anos até desenvolver um câncer. Então como que foi isso? Início precoce da vida sexual, com 8, 9 anos, meninas que se envolvem com outros meninos e meninas”, explicou.
Para saber mais sobre um pedaço da história da medicina no Acre e uma dissertação sobre a problemática envolvendo o câncer de útero e de mama, assista ao episódio completo do Médico 24 Horas com a médica ginecologista e obstetra Grace Mônica Alvim.
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