O Fórum de Governadores da Amazônia Legal vive um momento de projeção incomum. Não apenas por criar ambientação para a COP 30 que ocorrerá em Belém ano que vem. A 27ª edição do fórum, ocorrida aqui no Acre, ganha em importância porque não há mais tempo a perder em debates polarizados, maniqueístas e que já demonstraram ineficazes.
O encontro realizado em Rio Branco na semana passada foi uma oportunidade de perceber como ainda há muita contaminação na percepção dos governos de Rondônia e Amazonas, por exemplo. O que foi dito pelos secretários de Estado de Meio Ambiente desses dois estados demonstra isso: estão lá, escondidas, as retóricas ultrapassadas de entender a floresta como um atrapalho a uma ideia de desenvolvimento estruturada na pecuária e na agricultura. Nada mais existe a não ser esses dois componentes e o que eles exigem de esforços governamentais para viabilizar na infraestrutura. Quem percebe o Fórum de Governadores com esse viés valoriza apenas uma forma, talvez envelhecida, de pensar a vida por essas bandas daqui.
A Carta Rio Branco traz tatuado esse compromisso dos grandes projetos de infraestrutura. O que a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, apresentou aqui no Acre durante a semana dialoga muito com a agenda do Fórum de Governadores. Na verdade, as Rotas de Integração Sul-Americana são uma repaginação da polêmica Iniciativa para Integração da Infraestrutura Regional da América do Sul (Iirsa).
A Iirsa colecionou muita polêmica. Cifras grandes, problemas grandes, desvios grandes, preocupações ambientais pequenas e a coisa foi esfriando. Agora, repaginado como “Rotas da Integração” e, aqui no Brasil, tem-se o selo Novo PAC costurando o que cabe deste lado da fronteira.
A Carta Rio Branco está disponível na internet. Ao alcance de todos. São oito compromissos. Todos genéricos. Mas o espírito que alinhava esses compromissos traz a ação de governo como promotora de negócios. Apenas no oitavo e último, como uma maneira de “deixar a carta bonitinha” algum redator atento achou prudente colocar a palavra “cultural” para dar ao texto um ar erudito e de real preocupação com a diversidade étnica que se tem por aqui.
Até nisso o Acre serve de contra-exemplo: por aqui, ninguém tem dúvidas sobre o que deve ser feito se tiver que plantar milho e capim ou preservar um geoglifo; não se tem dúvidas se tiver que passar uma linha de transmissão de energia ou cumprir o que se combinou com as comunidades indígenas impactadas pelo projeto.
Repare o leitor: o encontro Diálogos Amazônicos ocorre dos dias 4 a 6 de agosto de 2024 e a Cúpula da Amazônia acontece na sequência, nos dias 8 e 9 de agosto. Ambos serão realizados em Belém. Do jeito polarizado que as conformações de forças políticas estão, não será surpresa se algum apressado disser: “esses encontros aí servem para juntar comunistas e ambientalistas e atrapalhar os nossos negócios, agora ‘sustentáveis’. Só servem pra isso!”.
Na relação entre conservação e preservação ambiental e crescimento econômico (camuflada na também polêmica denominação “desenvolvimento”) é preciso ter coragem de não fazer o que não pode mais ser feito. O que o site ac24horas chama atenção é que não há mais tempo a perder com essas polarizações. Se a ciência está estabelecendo novos referenciais que têm no respeito à diversidade cultural e étnica os instrumentos basilares para uma nova forma de organização social, o Fórum de Governadores da Amazônia Legal precisa se associar a isto.
Já existem tecnologias suficientes para diminuir impactos rotineiros na região. O desafio dos governos é ampliar o acesso dessas formas de produzir. Quais são as opções testadas e disponíveis agora? Essas opções precisam ser adaptadas para diferentes contextos, diferentes geografias, diferentes culturas. E isso precisa ser feito “de com força” e ligeiro porque quem mais está se lascando, quams mais está sendo excluído são justamente os que mais conservam.
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