Recentemente, a atriz Selma Blair chamou atenção por aparecer, pela primeira vez, sem bengala em um evento. Ela foi diagnosticada com esclerose múltipla (EM) em 2018 e, desde então, vinha mostrando detalhes de sua vida com a condição.
Em 2021, Blair revelou ter entrado em remissão da doença, mas se queixou de cansaço e dores “o tempo todo”. E ela não é a única: somente no Brasil, nomes como Guta Stresser, Claudia Rodrigues, Ludmila Dayer e Ana Beatriz Nogueira também sofrem da doença.
Mas o que é, exatamente, a esclerose múltipla? Em entrevista à IstoÉ Gente, o neurologista Dr. João Nicoli explica:
“A esclerose múltipla é uma doença autoimune e a principal causa de incapacidade neurológica em adultos jovens no mundo. Nela, células do sistema imunológico do indivíduo tornam-se autorreativas e atacam a mielina, uma camada protetora que reveste os neurônios do sistema nervoso central. Dessa maneira, ocorre a desmielinização, que aparece mais comumente em surtos, seguida por períodos de remissão, no qual a doença está silente”
Segundo Dr. João, as consequências deste processo são sintomas como alterações na visão, na sensibilidade do corpo, no equilíbrio, no controle esfincteriano e na força muscular.
Segundo a Sociedade Nacional da Esclerose Múltipla dos Estados Unidos, estima-se que a doença afete 2,8 milhões de pessoas no mundo — e cerca de 40 mil delas estão no Brasil. De acordo com o especialista, as causas incluem fatores genéticos, tabagismo, exposição reduzida à luz solar, obesidade e infeções virais, como pelo vírus Epstein-Barr.
Dr. João relata que o diagnóstico da condição é feito por meio de exames clínicos e de imagem, além da análise do histórico médico do paciente. Segundo ele, são conduzidos, especialmente, ressonância magnética para detectar lesões no cérebro e na medula espinal e exames de biomarcadores.
“Esses biomarcadores, quando presentes, indicam inflamação crônica e ajudam a confirmar o diagnóstico de maneira mais precoce e assertiva da EM”, explica. E ele ainda detalha que existem biomarcadores que podem, inclusive, estimar o grau de agressividade da doença e “ser um bom parâmetro para monitorização e acompanhamento durante o tratamento”.
Já o tratamento é multidisciplinar e personalizado para cada paciente. Apesar disso, ele envolve, segundo o neurologista, “cuidados durante os surtos, tratamento preventivo com medicamentos de reconhecida eficácia para bloquear a progressão da doença e tratamento sintomático, que varia de acordo com a necessidade de cada paciente”.
Quem sofre com EM pode ser submetido a terapias de reabilitação, fonoaudiologia, apoio emocional e estratégias para a fadiga crônica — o que, na opinião de João, é “o sintoma mais incapacitante desta doença”.
Atualmente, a EM não tem cura. Apesar disso, é possível que pessoas por ela acometidas passem por longos períodos de remissão.
“O avanço nas terapias de alta eficácia, já incorporadas no Brasil para pacientes do SUS, permitem que muitos pacientes permaneçam em períodos de remissão. Nesses períodos, os sintomas diminuem ou deixam de progredir, modificando sobremaneira o prognóstico das pessoas que vivem com a Esclerose Múltipla”, finaliza o Dr. João Nicoli.
Fonte: IstoÉ
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