Passados os aperreios da janela partidária e das desincompatibilizações, é chegada a hora de se fazer balanços necessários. E eles não apontam um cenário qualificado do debate público regional. Há pobrezas e fragilidades de toda ordem. E, como sempre, o povo é um detalhe no processo.
As duas figuras mais frágeis de todo o itinerário até aqui estão localizadas, justamente, onde ninguém imaginaria que pudessem estar: no Progressistas, o partido detentor da maior fatia de poder local. Perceba o leitor a fragilidade operada por Gladson Cameli nos últimos anos.
Em tese, todos os partidos deveriam orbitar em torno da sigla PP. Há até pouco tempo, era essa sigla que operava os dois maiores orçamentos do Estado do Acre. Governo do Estado e Prefeitura de Rio Branco carregavam essa marca. Uma sequência de equívocos e mágoas, alimentada por cortesãos, construíram um contexto que mal justificou a saída de Bocalom do partido. Isso, por si, já demonstra uma percepção questionável sobre “democracia interna dos partidos” que Gladson precisa rever urgentemente. Em partidos políticos, o bocado de democracia é calculado. Calculadíssimo, aliás.
Arredio à rotina do partido, com pouca intimidade nas tramas palacianas, Cameli foi permitindo vácuos no Progressistas. (Em tempo: as ausências de Gladson só são valorizadas por aqueles assessores mais apaixonados, cujas fidelidades são manejadas de acordo com os humores do Diário Oficial).
A figura de Alysson Bestene não consegue preencher essas lacunas. Sem brio, sem perfil de liderança com capacidade de conduzir processos complexos do jogo de interesses próprios da política, Alysson Bestene deixa-se conduzir. Não dita, copia o que lhe dizem. Não se antecipa, reage aos cenários de crise.
O vereador progressista de Rio Branco N. Lima não é um exemplo cordato de diplomacia. Mas a fala dele que vazou de um grupo em uma rede social, se não é refinada, não se pode dizer que seja equivocada. (transcrita com correções) “Será ridículo para o meu partido deixar de apresentar uma candidatura à Prefeitura de Rio Branco para ser vice. O maior partido do Estado! Deu-se o luxo de expulsar um prefeito por picuinhas e agora quer ser vice! É de lascar os nossos grandes estrategistas políticos de nosso governo e partido!”
O vereador reforça a tese defendida nesse espaço: deveriam ser os demais partidos a orbitar em torno do Progressistas. O que está acontecendo é que, por falta de uma condução adequada do processo, é o MDB quem está ditando o rumo da canoa. Cabe ao Progressistas dizer se quer embarcar aqui ou acolá. O que Gladson definir pode até apontar o vencedor da próxima eleição, mas não maneja o poder com o rito que o poder exige. Com um detalhe, como frisa o vereador: aqui na Capital, na condição de vice.
“Ah!… Mas Gladson tem força! Vai impor Zequinha Lima em Cruzeiro”, apressa-se um assessor mais apaixonado ainda. A reação visceral de Vagner Sales ao ser apresentado a essa fatura expõe ainda mais a fragilidade da figura do governante. O “Leão de Juruá” assegurou que “a candidatura de Jéssica Sales é inegociável”. A fala serviu internamente ao MDB, mas colocou referência importante no Progressista. E, talvez, em Gladson. A conferir.
A semana inicia com a promessa de que Alysson Bestene seja arrastado à berlinda. Se ele conseguirá esboçar alguma reação, ninguém sabe. O eleitor, coitado, não diferencia se Alysson é um ensaio de prefeito ou um burocrata do Ministério da Fazenda fiscalizando as contas da Sefaz durante a semana.
Outro papelão da política regional foi gerado pelo União Brasil na sede do PL. Com os beiços pela canela, o presidente do diretório estadual do partido, senador Alan Rick, ameaça sair da sigla. Não gostou de se ver coadjuvante de Marcio Bittar, o colega de Senado. Assistir ao espetáculo hilariante na sede do PL foi uma demonstração de como o Acre é generoso. Roupas caras, bolsas mais caras ainda, olhares assustados, quase temerosos de que a flecha de algum indígena revolucionário atravessasse a sala: pessoas totalmente alheias ao Acre decidindo o rumo das coisas por aqui.
No PSD, o senador Petecão espatifou o ninho da pata. Tratou o partido como se fosse uma coisa do coração. Ao bancar a permanência da esposa, Marfisa Galvão, como pré-candidata à vereança, provocou desconfiança geral. O evento que discutia a formação de chapas foi encerrado com palavras impublicáveis por parte de alguns. Quem viu relata.
Para fechar o ciclo de barbeiragens, o PL, em um arroubo de rara estratégia política, resolveu enviar ao Progressistas um office-boy para dar o contragolpe no MDB. Aí, foi de lascar! (com todo respeito aos office-boys, claro).