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Deslizamentos agravam cenário pós-enchente e desafiam Defesa Civil no Acre

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Raimari Cardoso

A enchente do Rio Acre em 2024 foi a maior da história nas cidades acreanas de Assis Brasil, Brasileia e Epitaciolândia. Em Xapuri, Rio Branco e Porto Acre, o manancial registrou a segunda maior cota desde que existe o monitoramento. Independentemente do maior ou menor nível, os impactos da cheia foram avassaladores e seus efeitos duradouros em todas as cidades acreanas pelas quais o icônico rio passa.


Se não inédito, um dos efeitos da vazante do Rio Acre neste ano apresenta uma dimensão maior: o fenômeno dos deslizamentos de terra ou desbarrancamentos. As ocorrências estão impondo à Defesa Civil um esforço talvez maior do que ocorreu em 2015, na maior de todas as enchentes na capital acreana, e aumentando exponencialmente o número de pessoas que não tendo mais uma casa para onde voltar, dependerão do aluguel social para viver.



As perdas e interdições de imóveis começaram a ser registradas nas cidades atingidas pela cheia do Rio Acre ainda durante o movimento de vazante. No entanto, com o passar dos dias, várias áreas em Brasileia e Xapuri começaram a ruir, deixando moradores sem ter para onde retornar. Na primeira cidade, mais de 100 pessoas perderam as suas casas e estão na dependência do poder público para seguir suas vidas.


Já em Xapuri, de acordo com a prefeitura, apenas entre as pessoas que estão em abrigo público (ainda é preciso fazer levantamento de quem está em casa de parente ou amigo), cerca de 20 famílias tiveram suas casas destruídas ou interditadas pela Defesa Civil. Assim aconteceu com o seringueiro aposentado José Ribamar Ferreira da Silva, de 65 anos de idade.


“Uma sensação de muita tristeza e desesperança no futuro, pois com a idade que nós temos e sem ter para onde ir é uma condição muito difícil, mas acreditamos em Deus, estamos sendo bem atendidos pela Defesa Civil e esse é o nosso consolo”, disse o aposentado que morava em sua com sua esposa, Pedrina Oliveira da Silva, de 66 anos.


Em Rio Branco, que viveu a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971 – a maior cota já registrada é de 18,40 metros, em 2015, o Rio Acre ficou mais de uma semana acima dos 17 metros e alcançou o maior nível do ano, de 17,89 metros, no dia 6 de março. É na capital que se presencia a maior tragédia social decorrente da alagação: mais de 100 famílias perderam suas casas e não têm para onde voltar.


Foto: Sérgio Vale/Ac24horas

O acumulado de chamados que a Defesa Civil recebeu na última semana para a realização de vistorias em vários pontos da cidade em razão dos deslizamentos que passaram a ocorrer em Rio Branco a partir do começo da vazante extrapolou a capacidade de atendimento das equipes gerando atrasos na resposta à demanda que cresce a cada dia.


De acordo com o coordenador da Defesa Civil da capital, tenente-coronel Falcão, mesmo com a demora no atendimento aos pedidos de vistoria por conta da redução do efetivo da Defesa Civil em comparação com a demanda, os procedimentos serão feitas e os moradores de áreas de risco serão retirados dos locais onde houver risco comprovado.


“Apenas de casas de pessoas que estão abrigadas, nós temos mais de 1.000 vistorias. Fora essas, nós temos cerca de outras 1.000 vistorias solicitadas. Então, a Defesa Civil já tem uma demanda superior a 2.000 vistorias e a gente precisa estar em todos os locais. Mas vamos atender a todos, levando segurança, orientação, retirando famílias e isolando as áreas que estão oferecendo risco de deslizamento”, afirmou o coordenador.


Falcão também informou que há 62 áreas sendo monitoradas em Rio Branco em situação de risco hidrológico ou geológico. Ele acrescentou que em nível mais elevado de atenção estão 12 áreas com risco de deslizamento onde ainda há pessoas nas residências. Entre essas áreas, estão bairros onde recentemente aconteceram desmoronamentos de casas localizadas nas margens do rio.


“Nós classificamos o risco em três etapas: baixa, média e alta. Então, todas as pessoas que estão em risco alto nós movimentamos, retiramos as famílias e interditamos. Quem está no risco médio e alto, estamos fazendo o monitoramento diário, inclusive pedindo a colaboração dessas pessoas para que possam se automonitorar para que no menor sinal de evolução das erosões a gente também faça a retirada dessas famílias”, explicou.


Nos últimos dois dias, deslizamentos de terra com desmoronamento de casas foram registrados em pelo menos dois bairros de Rio Branco: Cidade Nova e 6 de Agosto, ambos no Segundo Distrito da capital. No primeiro, pelo menos duas casas e uma oficina desabaram. Ninguém ficou ferido. No segundo, houve o desmoronamento de parte do tradicional restaurante Quintal do Osvaldo, na madrugada desta sexta-feira, 15.


O proprietário do restaurante, o jornalista Osvaldo Gomes, divulgou um vídeo nas redes sociais mostrando o exato instante do desabamento do barranco que levou parte do seu estabelecimento comercial. “Mais uma destruição aqui. Tá tudo na mão de Deus”, ele diz rindo nervosamente, mas justificando a reação. “Eu acho graça porque o meu coração está muito forte ainda. Sem palavras”, afirmou.


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Raimari Cardoso

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