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Mulheres gastam 16,6 horas semanais em trabalhos domésticos

O IBGE publicou no último dia 08/3, os resultados do estudo Estatísticas do gênero, que traz informações que permitem uma análise interseccional das desigualdades relacionadas aos temas empoderamento econômico, educação, saúde e serviços relacionados, vida pública e tomada de decisão e direitos humanos das mulheres e das meninas. A maioria dos dados são para o ano de 2022. Vamos iniciar hoje, alguns números do Acre no referido estudo. No artigo de hoje destacaremos as informações sobre empoderamento econômico e educação. Na próxima semana o enfoque será sobre saúde, vida pública e tomada de decisão e direitos humanos das mulheres e meninas.


No geral o estudo mostra que no Brasil, as mulheres pretas ou pardas são mais afetadas pelas desigualdades na educação, no mercado de trabalho, na renda e na representatividade política do que as brancas. Elas dedicam mais tempo aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, têm menor taxa de participação no mercado de trabalho e menor percentual entre as ocupantes de cargos políticos. Além disso, as pretas ou pardas representam a maior parte das vítimas de homicídios contra mulheres praticados fora do domicílio e têm maior percentual de pessoas em situação de pobreza. Vamos a alguns números para o Acre inseridos nesse contexto.


Empoderamento Econômico


No Acre, em 2022, enquanto as mulheres dedicaram, em média, 16,6 horas semanais aos afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, os homens gastaram 9,9 horas. As mulheres pretas ou pardas dedicaram 0,6 hora a mais por semana nessas tarefas do que as brancas.


Em 2022, o rendimento delas foi, em média, equivalente a 98,7% do recebido por homens. No início da série histórica, em 2012, essa razão era estimada em 90,2%. A diferença no rendimento, em 2022, os pretos recebiam, em média, 75,6% do recebido por brancos. O rendimento médio das pessoas que possuíam o nível superior completo foi de 121,9% dos que possuíam o ensino superior incompleto e 150% maior dos que possuíam somente o ensino fundamental completo.


32% das mulheres acreanas de 15 a 24 anos não estudam e não trabalham



Conforme pode ser visualizado na tabela acima, em 2022, no Acre, a proporção de pessoas de 15 a 24 anos de idade que não estudam, não estão ocupados e não estão em treinamento é bem maior que as do Brasil e do Norte. Quando se analisa a proporcionalidade por sexo, percebe-se que 32,1% das mulheres acreanas nessa faixa etária, não estão trabalhando ou estudando.


A taxa de desemprego de 17,3% das mulheres pretas ou pardas do Acre é a quinta maior do País 


A próxima tabela detalha a taxa de desocupação de pessoas de 14 anos ou mais de idade. Percebe-se que as taxas do Acre eram bem superiores que as do Brasil e do Norte. O desemprego era 6,6 (p.p.) maior entre as mulheres e, dentre elas, as pretas ou pardas era 7,4 (p.p.) acima das brancas. A taxa de 17,3% das mulheres pretas ou pardas só é menor que as de Pernambuco (20,5%), Bahia (19,9%), Rio de Janeiro (18,6%) e Amapá (17,5%).



Conforme os dados da PNAD Contínua trimestral referente ao 4º trimestre de 2023, no Acre, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho foi de 53,3% enquanto a dos homens foi de 73,2%. Isso equivale a uma diferença de 19,1 pontos percentuais (p.p.). Porém, a taxa de informalidade delas (36,6%) era menor que a deles (49,6%). Para o mesmo período o IBGE indica que a informalidade entre os brancos foi de 35% e 47,9% para os pretos. 


Somente 45,5% das mulheres acreanas com crianças de até seis anos trabalham 


Na tabela a seguir, percebe-se que No Acre, em 2022, as mulheres com crianças de até 6 anos de idade em que exigem mais cuidados, têm mais dificuldade de conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho. apenas 45,6% das trabalhadoras de 25 a 54 anos que se enquadravam nesse perfil estavam empregadas em 2022. Nos casos em que não havia filhos, o nível de ocupação era de 56,2%.



Essa dinâmica é bem diferente da observada entre os homens de 25 a 54 anos, para os quais a presença de crianças não limita a participação no mercado. Os níveis de ocupação deles foram de 76,2% em 2022 entre os que não tinham menores em casa e de 81,8% entre os que tinham crianças de até 6 anos.


Mulheres têm nível de escolaridade maior que a dos homens


Assim como no Brasil, na educação, os dados também apontam que as mulheres que vivem no Acre têm, em média, maior nível de escolaridade que os homens. Em 2022, 18,2% dos homens com 14 anos ou mais, ou tinham ou estavam cursando o nível superior. Entre as mulheres da mesma faixa etária, essa proporção era de 23,8%. Já os percentuais daqueles sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto, ainda nesse grupo de idade, eram de 37,9% entre os homens e de 32,1% entre as mulheres, conforme pode ser visualizado na tabela a seguir.



A escolaridade média da população brasileira com mias de 15 anos avança continuamente para alcançar os 12 anos de estudo, o equivalente ao Ensino Fundamental e o Ensino Médio completos. Em 2022 os dados do Acre são similares aos verificados para a a Região Norte e um pouco abaixo daqueles verificados para o Brasil, conforme gráfico a seguir. 


Quanto a cor ou raça da pele, a proporção de pessoas brancas com 25 anos de idade ou mais que tinham completado o nível superior (29,7%) era quase o dobro da observada para as pretas ou pardas (18,2%).



Os dados que mostram que a taxa de participação das mulheres acreanas no mercado de trabalho foi de 53,3% enquanto a dos homens foi de 73,2%, o equivale a uma diferença de 19,1 pontos percentuais (p.p.) é um retrato de que há uma relação dessa diferença com o fato de as mulheres se dedicarem mais às tarefas de cuidados e afazeres domésticos. Isso impede que elas participem mais do mercado de trabalho e impeçam o crescimento da renda familiar.


São dados para reflexão e tomada de decisão.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas