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Jornalista organiza exposição audiovisual sobre enxurradas em Rio Branco

O Serviço Social do Comércio do Estado do Acre (Sesc-Acre) realiza no período de 16 a 31 de março de 2024, no Salão de Exposição do Sesc Centro, uma imersão Audiovisual e o pré-lançamento do documentário “Lágrimas de Março – uma enxurrada de dor” dirigido pelo jornalista e filmmaker Glauco Capper.


A exposição/imersão retrata o dia 24 de março de 2023, quando após chover 186 mm em um único dia, cerca de oito igarapés transbordaram em Rio Branco – Acre, causando uma enxurrada de proporções assustadoras. Mais de 22 mil pessoas foram afetadas diretamente, chegando a mais de 30 mil.



Sob a curadoria de Rafaella Zanatta a exposição imersiva tem o objetivo de levar o público a refletir sobre as dores do outro, enxergando que a importância climática também passa por uma atitude individual e coletiva. “Estar diante do olhar sensível, artístico e humano de Glauco Capper, é o mesmo que presentear nossa alma com uma oração” descreve Zanatta.


Para o expositor Glauco Capper, a imersão no dia 24 de março de 2023, é uma oportunidade única de buscar, mesmo que de forma limitada, entender o tamanho do caos que foi aquele dia. A forma como a sociedade lida e enxerga seus problemas e qual o dever de cada um diante da situação. “É uma provocação, é um grito mudo de dor, angústia, medo e sofrimento. É um clamor público por socorro”, explica.



De acordo com o expositor, tudo começou quando foi ajudar amigos vítimas da inundação dos igarapés. “Poucas pessoas sabem o que é perder tudo. Passar dias limpando, tirando o cheiro de podre das paredes com medo de cobras e outros bichos”, declara.


O documentário expõe uma “enxurrada” de despreparo, abandono e descaso do poder público para prever, enfrentar e lidar com desastres naturais. “Muita dor e desespero”, conta Capper, ao ver oportunismo midiático durante aqueles dias de caos. “Precisamos estar preparados, não acostumados a lidar com enxurradas e alagações. A dor precisa deixar de ser um comércio lucrativo nesse período”, diz.


Sonho de ser fotógrafo


Aos 10 anos, Glauco fez um curso via Correios do Instituto Universal Brasileiro, mas apenas aos 27 teve a chance de comprar sua primeira câmera. As primeiras fotos foram da alagação de 2011. “Ali me vi diante de muitos questionamentos para além da fotografia. Principalmente sobre o meu papel”, conta.


Naquela época, cursava jornalismo na Ufac. “E foi então que fui abraçado pelo fotojornalismo e as técnicas do documentário. Passei, então, a registrar tudo. Compor histórias, guardar momentos e dar voz aos invisíveis. Aos poucos, migrei de vez para o audiovisual”, acrescenta.


É a primeira vez que sou convidado para uma exposição. Isso mexeu muito comigo porque não me via nesse lugar. Acompanho o trabalho de muitos artistas acreanos e adoro os movimentos culturais, as exposições, mas, realmente não me via nesse lugar. Até que a Rafaella Zanatta disse: ‘menino, que trabalho lindo, vamos fazer uma exposição’.


Expectativa


“Eu estou ansioso não pelo resultado porque sei da qualidade do material que temos a disposição e o talento e olhar da Rafa que é fenomenal, mas sobre os próximos passos de tudo isso. É como se eu levantasse uma bola e precisasse saltar junto”, finaliza Glauco Capper.



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