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Esquecidos na alagação; racismo ambiental: a dor profunda do abandono!

FOTO: WHIDY MELO/AC24HORAS

Embora seja verdade que centenas de indivíduos perderam tudo, ainda há profundas disparidades que nos impedem de ver que alguns estão em situações mais adversas que outras. Quando a maioria precisou de auxílio, seus clamores foram ouvidos. Eles pegaram o telefone e conseguiram contatar a família, a Defesa Civil, ou os bombeiros.


No entanto, há pessoas cujos gritos de desespero foram sufocados pela situação. Talvez eles tenham conseguido emitir um grito agudo, mas não havia ninguém nas proximidades para ouvir, nenhum telefone para buscar ajuda, nenhum vizinho, nenhuma família. Eles estavam completamente sozinhos a espera de um milagre.


Idosos, mulheres e crianças encontram-se desamparados nas “Faixas de Gaza” brasileira, uma área negligenciada pelo poder público. Eles estão expostos a diversas formas de violência. Forçados a habitar os córregos periféricos – verdadeiros esgotos da existência humana – são vítimas do chamado racismo ambiental. Em sua maioria, indivíduos que são negros e economicamente desfavorecidos. Vivem em um ambiente hostil, onde o descaso, a marginalização e a falta de infraestrutura básica são partes de seu cotidiano. Ninguém consegue ouvir seus gemidos e sentir sua dor?


“Fique em silêncio… não conteste, não fale nada sobre as injustiças, não se exponha, não reaja e talvez você viva em paz, afinal não está incomodando ninguém. Talvez apenas não consiga dormir por causa dos gritos que vêm de dentro da sua alma clamando por justiça”. (Elis Regina)


. Depois de uma alagação pode acontecer tudo, inclusive nada, como é de costume, não apenas por estas paragens.


. Virão as festas juninas, as queimadas, os carnavais fora de época, as queimadas, os festivais da farinha, do feijão, do bolo, do açaí, da macaxeira… as florestas tombam e as queimadas continuam;


. O calor é insuportável!


. Fogo, fumaça e cinza acinzentam o céu que, envenenado, perde o azul profundo… as estrelas à noite parecem seres moribundos com suas luzes opacas.


. A lua fica vermelha como sangue; o astro-rei parece uma bola gigante de fogo no ocaso.


. A natureza geme de dor, os rios quase que desaparecem.


. Então começa a campanha eleitoral de outubro quando todos ficam embevecidos por promessas, dinheiro, compra de votos … até que chega o dia da eleição!


. É quando termina o verão e começa a chover novamente na segunda quinzena de outubro.


. A chuva cai novamente, os rios transbordam, as cidades alagam, uns rezam, outros oram, prefeitos choram, mas nada de concreto foi feito para evitar o próximo desastre.


. Antes, porém, comemora-se o aniversário do salvador e a virada do ano; tudo é colorido, alegria, festas e promessas de vida nova para o ano que virá (…se vier!)


. E a vida segue seu curso estabelecido pelo homem, já que Deus deu a terra para eles (Não deveria ter dado).


. De consolo serve o que diz uma amigo pastor que leu no Apocalipse:


. “Não se preocupe, haverá um novo céu e uma nova terra”.


. Quanto a isso, não tenho a menor dúvida; só não sei ao certo se a humanidade vai merecê-la.


. Coluna inspirada em uma pauta do meu amigo Whidy, filho do Kennedy!


. Amigos são assim, razão e sensibilidade.


. Continua chovendo!


. Bom dia!