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No Taquari, moradores alegam ausência da prefeitura e do governo durante a enchente

Por
Raimari Cardoso

Um dos bairros mais pobres e violentos de Rio Branco está também entre aqueles que mais sofrem com as grandes enchentes do Rio Acre, o Taquari, cujo nome homenagem ao primeiro avião chegado ao Acre, o “Taquary”, no dia 5 de maio de 1936, amerissando no estirão do Bagé, próximo de onde se formou a povoação que deu origem à comunidade.


Na atual enchente, que já atinge o patamar que a põe como a segunda maior da história na capital, apesar do cenário desolador e dos prejuízos certos e, talvez, irrecuperáveis, os impactos do fenômeno natural na vida das pessoas que vivem no Taquari são sentidos com uma certa resignação oriunda da vivência dos habitantes com esse tipo de situação.


“Estou acostumada mesmo. Acostumadíssima”, diz dona Antônia, uma moradora que informa ao videomaker do ac24horas, Kennedy Santos, passar pela experiência de estar com a casa alagada desde o distante ano de 1988. A conversa se dá dentro de um barco a motor que faz o transporte de pessoas pela área alagada ao custo de R$ 5 a passagem.


Outros moradores dizem que não há barcos sendo disponibilizados pelo governo ou pela prefeitura para que as pessoas possam se locomover nos casos de necessidade. “Precisamos de apoio porque pagando R$ 5 toda vez, esse dinheiro já vai fazer falta para nós”, diz outra moradora. Um dos barqueiros justifica a cobrança: “A gente precisa, aí tem que cobrar”, diz.


Dona Antônia, a primeira moradora, se deslocava para o bairro para conferir um boato de que sua casa estaria correndo o risco de pegar fogo. Ela diz que quando comprou a residência, sabia que alagava, mas deixa claro a consciência de que a falta de condição financeira é fator determinante para definir quem mora nas localidades classificadas como de risco.


“É o local onde é barato, porque o pobre só pode comprar onde é barato, né? Porque se nós tivéssemos dinheiro, nós comprávamos lá em cima, onde não alaga. Mas assim mesmo até o pessoal rico tá saindo de lá, né?”, pondera a moradora, aproveitando para cobrar as promessas de uma nova casa, longe da área de risco. “Desde [19]88 está marcado para me darem uma, mas nunca me deram.


O “costume” dos moradores do Taquari com as grandes enchentes do Rio Acre é evidenciado nas imagens de Kennedy Santos no fato de que quase todas as casas são de dois pisos ou muito altas. Apesar disso, de muitas delas só é possível ver as coberturas. Contudo, muitos moradores ainda resistem como podem na expectativa pela vazante sem previsão.


Durante a filmagem que foi feita entre as 8 horas da manhã e as 12h30 desta segunda-feira, 4, não foi vista a presença de nenhum barco da prefeitura ou do governo do estado prestando ajuda às pessoas. A ausência do poder público é confirmada por moradores que relatam pedido de ajuda até aquele momento sem uma resposta das autoridades responsáveis.


A reportagem acompanhou a situação de um morador chamado Francimar, que passou mal e que não teve resposta positiva de atendimento nem pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) quanto pelo Corpo de Bombeiros. De acordo com a esposa, o homem estava aguardando por dois dias para ser levado a uma unidade de saúde.


Além da preocupação com o seu patrimônio particular, os moradores do Taquari também ficam aflitos com o coletivo. Uma unidade de saúde recém-inaugurada pela prefeitura, a USF Maria de Jesus de Andrade, cuja entrega foi adiada várias vezes, está ameaçada pelas águas antes mesmo de funcionar pela primeira vez.


ASSISTA AO VÍDEO:



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Raimari Cardoso

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