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Em 25/02, uma mensagem: Não tenhais medo!

Por
Valterlucio Campelo

Há mais de sessenta anos, em 28 de agosto de 1963, durante a Marcha sobre Washington pelo Trabalho e Liberdade, em seu famoso discurso “Eu Tenho um Sonho”, Martin Luther King Jr. disse uma frase lapidar que devemos aplicar à atual cena política brasileira. Conclamou o grande líder negro ao povo americano: “Devemos construir diques de coragem para conter a correnteza do medo”. Foi precisamente isso que ocorreu na manifestação de centenas de milhares de pessoas no último domingo na Avenida Paulista, em São Paulo, capital. A população brasileira alinhada a princípios e valores conservadores ergueu uma barreira de coragem para conter o medo, implantado direta e indiretamente pelo establishment que sustenta este governo de matiz ditatorial.


Desde que em 8 de janeiro de 2023, mais de um milhar e meio de pessoas, a maioria idosos e mulheres, foram cercadas em uma operação de perfídia – proibida até em guerras, jogadas em um “gulag” provisório e, em seguida, presas e condenadas sem individualização da culpa, a maioria sem a mínima ideia da motivação do arresto, em modo claramente desobediente ao devido processo legal, o medo caiu como uma sombra sobre os brasileiros. Ninguém quer ser preso, ainda menos sem culpa, quase ao acaso, por motivação política. Ninguém quer ser exilado por manifestar sua opinião, por falar suas verdades.


Foi necessário se passar um ano para que, atendendo uma convocação pública do ex-Presidente Bolsonaro, os brasileiros (estimados em 750.000) fossem à Avenida Paulista, aonde compareceram também dezenas de parlamentares e lideranças, para dar mostras ao Brasil de que o autoritarismo, a intimidação e a perseguição não serão toleradas sem luta. Estamos atentos, sabemos que somos maioria, defendemos princípios básicos inalienáveis – vida, família, liberdade e propriedade. Na conjuntura, pedem a anistia para os manifestantes de 08/01/2023. Embora para alguns manipulados esses temas caracterizem uma postura extremista (a minha sobrinha de 17 anos já aprendeu que não é), o povo continua firme em sua escolha pelo que, no final das contas, significa apenas democracia.


Em um ano de disputas para os cargos de prefeito e vereadores, a manifestação toma também um sentido eleitoral, serve de termômetro a medir a força e o vigor da oposição. Sabe o governo e sua base formada a troco de cargos, facilidades e emendas parlamentares, que 2024 repetirá 2022, ou seja, a polarização permanece e certamente será retratada, especialmente nas capitais. Incapaz por sua própria natureza de solucionar quaisquer dos problemas brasileiros, o governo federal de feição socialista vê piorarem os indicadores, sejam econômicos ou sociais. O rombo nas contas públicas verificados em 2023 será dobrado em 2024, a inflação já mostra os dentes, a pobreza campeia, já temos mais de UM MILHÃO de casos de dengue com centenas de mortos, os indicadores de corrupção pioraram em 10 posições, a política de segurança é pífia, não há uma política adequada de saneamento e abastecimento de água, o agronegócio é escanteado e a desastrada política externa nos empurra para o colo da China e outras ditaduras nos distanciando das nações democráticas e nos transformando em pária internacional. No governo Lula, a única pauta que avança é a de destruição dos costumes, do aborto, do aparelhamento das instituições, a gastança com viagens e diárias e a supressão da liberdade. Tudo isso será verbalizado com força nas campanhas e o resultado previsível será uma ampla derrota do lulopetismo nas ruas (nas urnas nada se garante).


Frente a essa realidade, o governo promete reação. De um lado, aqui e ali, bem ao estilo Maduro, estão criminalizando os concorrentes (Ramagem – Rio de Janeiro, Jordy – Niterói, Assumpção – Vitória). Em ditaduras, a inelegibilidade do adversário é a melhor arma, nada como ganhar o jogo por WO. A estratégia de eliminação do adversário no ninho é eficaz tanto em si mesma quanto por seus efeitos intimidatórios. No caso de dúvidas, perguntem ao russo Alexei Navalny. Além disso, o governo tem o TSE nas mãos, pronto para executar a nível normativo o que for conveniente. A recente decisão da corte eleitoral envolvendo de modo repressor as mídias eletrônicas, impondo na marra o PL 2630/20 negado na Câmara dos Deputados, é fruto do ativismo legiferante vigente há alguns anos, sempre em favor dos partidos de esquerda. A continuar essa toada de CENSURA, os brasileiros voltarão aos anos 1970 e somente saberemos do que acontece no mundo pela voz azeitada do narrador do JN.


De outro lado, alguns partidos e lideranças governistas propõem a realização de manifestações de apoio ao Lula. Parece que não há consenso, muitos analistas da própria esquerda apontam o risco de um fracasso estrondoso, pois nem com mortadela, camisa e jabá seria possível igualar a manifestação do dia 25/02. Faz sentido, já que desde que tomou posse, antes mesmo do desgaste natural do cargo, Lula jamais ousou vir a público a não ser em cercadinhos controlados pelo PT e puxadinhos. Quanto a isso, aguardemos.


De todo modo, a gigantesca manifestação de 25/02 foi uma espécie de levante democrático a proclamar corajosamente: “Estamos firmes e vendo o que vocês estão fazendo!”. Pacificamente, como SEMPRE se comportou, o conservadorismo deu sinais de que representando a maioria do povo brasileiro, não está disposto a morrer de véspera nem esmagado sob o tacão da simbiose espúria estabelecida, por mais difícil que seja enfrentá-la. O medo, arma milenar do autoritarismo sobre o povo precisa, em contraparte, de disposição à servidão. Um grande dique de coragem é tudo o que precisamos.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor Percival Puggina e outros sites. Quem desejar adquirir seu livro “Desaforos e Desaforismos (politicamente incorretos)” pode fazê-lo por este LINK.


 


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