Ele anda sumido das rodas políticas ultimamente, vendeu seu famoso fusca, mas suas ideologias e modo peculiar de lidar com o povo sempre são lembrados por aqueles que tiveram a honra atuar ao lado do ex-deputado federal, Nilson Mourão. Aos 71 anos, rememorou no Bar do Vaz com emoção e nostalgia os anos em que viveu da e para a política.
Formado em Teologia, Mestre em Ciências Sociais e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), presidiu o diretório do Partido dos a Trabalhadores (PT) e se tornou ícone da sigla partidária.
Ao jornalista Roberto Vaz, Nilson se orgulha em dizer que sempre fez política por ideologia. Nos últimos anos teve de se afastar da política devido a problemas de saúde. “O candidato tem que ter saúde para colocar uma mochila nas costas e sair pedindo voto na zona urbana e rural”, explica Mourão.
Segundo ele, não tem mais condições físicas de tocar um mandato como deve ser verdadeiramente feito. “Só colocava no programa [eleitoral] o que eu sabia que realmente poderia fazer, caso fosse eleito”, destacou.
Nilson diz que sempre teve o desejo de ver o mundo mais feliz. “Nunca consegui entender como os seres humanos vivem tão divididos. De um lado, pessoas passando fome, sem casa e sem trabalho, e do outro lado uma minoria com muitos privilégios”.
Lutou durante muitos anos por muitas causas, também atuante na Pastoral da igreja. Sempre trabalhou ao lado da atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a quem chama de companheira de luta.
Sempre buscou levar a vida com muita simplicidade. Participou de muitos jantaras luxuosos com embaixadores, mas ia pelo compromisso. Cumpria seu papel e saía cedo. Para ele, “viver com muito luxo é só problema”. “No início do meu mandato como deputado, minha contribuição era de 30% do meu salário ao PT. Eu nunca deixei de pagar nenhum mês. Sempre contribuí e o resto que sobrava era para dar de comer a família. Não tinha luxo”.
Mourão também avaliou os anos de gestão PT no estado. “Foi extremamente positivo para o povo do Acre e sua história, para modificar algumas estruturas e ter um Acre diferente. Conheci o Acre antes do governo Jorge Viana e ele deixou marca. Praticamente em todo setor que você olhar, há herança desse governo”.
Segundo ele, o atual governo de Gladson Cameli não deixa obras. “O PT tem o que mostrar. Isso [governo Gladson] é falta de gestão e de visão da política”. Falou ainda sobre a saída de Marina Silva do PT e garantiu: “foi irresponsável em ter saído do PT”.
Nilson Mourão acredita que o Acre perdeu muito com a morte precoce do ambientalista Chico Mendes. “Um líder que transmitia para população a importância da questão ambiental, que estava começando no Acre”.
Há cerca de 4 anos descobriu que tinha Mal de Parkinson, doença que ocorre da degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. No Bar do Vaz, foi às lágrimas. “É uma doença degenerativa que vai matando a gente devagarzinho e você não tem muita coisa a fazer. Não tem muita mobilidade. Fica pedindo ajuda de outras pessoas. Minha mulher é tudo. E aí eu tô levando a vida”.
Com isso, tem ficado mais em casa. Um problema de visão também tem o atrapalhado a fazer uma das coisas que mais gostava na vida, que era ler. “O Parkinson não tem solução. É conviver com isso e acabou-se. Mas família é a base”.
O passar dos anos não lhe tirou a companhia de bons e velhos amigos que a política apresentou e sempre que pode ainda debate com os mais próximos o cenário atual local e nacional. “Continuemos nossa luta, nossos ideais. Não nos deixemos abater por uma circunstância ou discordância política. Temos que pensa elevado. Peço aos colegas, tanto do PT quanto dos demais partidos, que permaneçam unidos para participar das eleições de cabeça erguida”.
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