No primeiro dia do julgamento em Barcelona, nesta segunda-feira, Daniel Alves conseguiu a condição de depor por último perante a Justiça espanhola. E, de acordo com os jornais “La Vanguardia” e “El Periódico”, a denunciante, durante depoimento confidencial, voltou a acusá-lo de agressão sexual em caso ocorrido em dezembro de 2022. O jogador brasileiro, que está em prisão preventiva há mais de um ano, acompanhou a audiência no Tribunal de Barcelona sem estar algemado.
A advogada de Daniel Alves, Inés Guardiola, teve negado o pedido de suspensão do julgamento oral. Ela tentou trazer diferentes pontos na argumentação, como um período inicial de investigações sem o conhecimento do jogador, durante o qual ele poderia ter feito um teste do bafômetro, e a não aceitação do juiz de instrução para que um segundo perito examinasse a denunciante.
Também reclamou de um “julgamento paralelo” na imprensa que teria contaminado o magistrado, e informou que o lateral-direito vive uma situação econômica difícil, incluindo uma dívida de meio milhão de euros (R$ 2,7 milhões) com a Fazenda da Espanha, além de uma conta no país com 50 mil euros (R$ 267 mil) e outra com saldo negativo de 20 mil euros (R$ 107 mil).
Acusação de agressão sexual mantida
De acordo com os jornais La Vanguardia e El Periódico, a mulher reforçou que foi agredida sexualmente por Daniel Alves, posição que mantém desde a origem do processo. Ela depôs durante cerca de uma hora e 15 minutos, a portas fechadas, com a voz distorcida e sem contato visual com o brasileiro. Tais medidas foram adotadas pelo tribunal como proteção à identidade da denunciante.
Também nesta segunda falaram uma amiga e uma prima da denunciante. As três estavam na boate Sutton, na noite de 30 de dezembro de 2022, quando o jogador teria cometido o estupro. Elas afirmaram que a denunciante está com trauma, teria dito que “ele (Daniel Alves) me fez muito mal” e “não confia mais em ninguém”.
Além do porteiro do estabelecimento, dois garços foram ouvidos. Ambos disseram não notar “nada de estranho” no comportamento de Daniel Alves, tendo em vista o consumo de álcool durante a noite.
Próximos passos
A terça-feira reserva os depoimentos de 22 testemunhas, entre elas Bruno, amigo de Daniel Alves que estava na boate, e a esposa do jogador, Joana Sanz. A audiência está marcada para começar às 11h (horário de Brasília). O julgamento na 21ª seção da Audiência de Barcelona é presidido pela juíza Isabel Delgado Pérez, acompanhada dos magistrados Luis Belestá Segura e Pablo Díez Noval.
No julgamento, a defesa de Daniel Alves vai apresentar uma quinta versão do que teria acontecido naquela noite. Segundo os jornais La Vanguardia e El Periódico, o brasileiro vai declarar que estaria embriagado na madrugada em questão. A advogada Inés Guardiola sustentaria que o acusado “não tinha plena consciência do que fez”.
Daniel Alves foi preso preventivamente em 20 de janeiro de 2023. Ele teve quatro pedidos de liberdade provisória negados pela Justiça da Espanha, que usou como argumento o risco de fuga para o Brasil. O Ministério Público pede nove anos de prisão para o brasileiro. A equipe da denunciante, cuja indentidade não é revelada pela Justiça, quer 12 anos — pena máxima para esse tipo de crime no país.
A Justiça impôs a Daniel Alves o pagamento de € 150 mil (R$ 783 mil) caso seja condenado, a título de danos morais e psicológicos. O lateral-direito está em prisão preventiva no Centro Penitenciário Brians 2, nos arredores de Barcelona. Não há prazo definido para a apresentação da sentença final.
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