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Sobre missões, jogos, silêncio e o longo fevereiro

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Editorial ac24horas

Politicamente, a semana começou com o anúncio, por parte do pré-candidato à Prefeitura de Rio Branco pelo MDB, Marcus Alexandre, da pessoa que vai coordenar a elaboração do plano de governo que será apresentado ao eleitor e à Justiça Eleitoral. João Correia. O professor, o acadêmico, o político, o militante, todos juntos em uma das figuras de maior relevo da política acreana.


Poucos são os partidos com quadro tão refinado e com tanta experiência. A acertada escolha só vai depender do próprio pré-candidato em valorizar. Não basta escolher certo. É preciso mostrar ao povo a razão do acerto.


Desde a vendedora de pato do bairro Comara, passando pelo agricultor da Transacreana, e chegando ao pós-doutor em Meio Ambiente da Ufac, todos devem entender o olhar de Alexandre: enxergar pela lente do pré-candidato o que ele viu no professor que justifique a construção das bases de um planejamento. Para isso, são necessárias as Plenárias Populares ou as Rodas Democráticas fazendo o circuito em todas as regionais.


O ac24horas faz um alerta: é preciso extrapolar a retórica do “fazer um plano ouvindo as pessoas”; ou do “fazer um plano de governo não ‘para’,  mas ‘com’ as pessoas”. Essa retórica já esgotou. Caso se candidate, até o Cabide já entendeu a obviedade dessa retórica. Ou mesmo Roselane, a candidata Forrest Gump, que já foi vista pelas esquinas da cidade. Todos já sabem que essa forma de tratar o planejamento enfraquece o produto e o diálogo com o povo.


Marcus tem uma missão adicional nessa campanha. Caso ninguém tenha lhe falado ainda, este espaço o faz. Alexandre tem a obrigação de fazer com que o tão machucado cidadão da Capital volte a prestar atenção às decisões de ordem política. A política como instrumento de emancipação precisa voltar a empolgar.


O acreano não é “politizado” como se diz vulgarmente. O povo daqui é tão politizado quanto o de qualquer outro lugar. A diferença é que o tempo do impacto entre as decisões políticas e o bolso do desgraçado cidadão é menor. Então, quem ganha ou quem perde pode ter efeito melhor, ou pior no bolso do futuro cargo comissionado para o filho, esposo, genro. Daí essa falsa impressão de uma fantasiosa “politização”.


Quanto a Tião Bocalom, é evidente a intensidade da agenda pública com cálculos eleitorais. E a cidade de Rio Branco não cansa de dar ao prefeito motivos para aparecer. Vale tudo no jogo: de carão em secretário que não está em canteiro de obra às seis da manhã; ato para celebrar perfuração de buraco onde vai ser erguida coluna de elevado; assinatura de ordem de serviço de reforma em escola ou mesmo até ressuscitar “vaca mecânica”.


E a decisão em se projetar tem surtido efeito positivo. Não são poucos os eleitores que afirmam em todo canto: “Bocalom véi… de tranco em tranco… tá indo! É capaz que ganhe, hein?!” Os buracos nas ruas diminuíram sensivelmente, mesmo antes do programa “Asfalta, Rio Branco” que ainda será anunciado. É o jogo jogado.


Gladson Cameli vive em um silêncio calculado antes do fevereiro dramático. Será réu: é uma certeza jurídica. A dúvida mordaz é se o martelo da ministra Nancy o afasta ou não do cargo. Essa é a incerteza diabólica que ronda o travesseiro do governador. No mais, segue com a tese de Alysson Bestene. E, da parte de Gladson Cameli, não há motivo nenhum para apressar o debate. Nesse aspecto, o silêncio é um acerto.


Para finalizar, é preciso alertar o leitor quanto a um detalhe: a frase de efeito de que “não há plano B no Progressistas” a Alysson Bestene foi dita pela direção municipal do partido. É outro detalhe importante: do ponto de vista partidário, é uma lógica correta. Mas repare o leitor que essa frase não foi pronunciada por quem tem a chave da decisão. Caso Gladson Cameli, passado o fevereiro mais longo de todos os carnavais, tenha outro entendimento, Socorro Neri não poderá construir qualquer tipo de obstáculo aos cálculos de Cameli. Noves fora, nada… o jogo jogado é tão bruto que chega a doer.


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