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Em seis anos, 99 mortes; 1,6 mil infectados e juventude deletou preservativo da rotina sexual

Por
Itaan Arruda
Aids no Acre

Em seis anos, 99 mortes; 1,6 mil infectados e juventude deletou preservativo da rotina sexual

Festinhas em chácaras e fazendas. Oito homens e uma mulher. O fetiche é justamente esse. Uma jovem com mais seis amigos em um swing na periferia de Rio Branco ignoram, por decisão, o preservativo. “Sinceramente, é chato”, diz a menina de 17 anos. A Aids matou 99 pessoas nos seis últimos anos no Acre. É uma média alta. E mais de 1,6 mil pessoas estão infectadas. A postura irresponsável e inconsequente exige reação por parte das autoridades em recomeçar a massificar o uso do preservativo que sumiu da agenda pública com a intensidade que precisa.
por Itaan Arruda
A morte em decorrência da Aids no Acre exige atenção. Exige mudança de postura. O dado mais recente do Departamento de Vigilância de Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde, mostra que, nos últimos seis anos (de 2018 a 2023), foram 99 mortes no Acre em consequência da infecção. É o número mais atualizado sobre o problema.
Não é um número baixo. Ao contrário. São 17 mortes por ano. Com um detalhe grave: essa média anual de mortes ocorre com uma rede de saúde pública que oferece diagnóstico e tratamento gratuito. Isso é um indicador de que há muita gente com postura negligente e irresponsável: mesmo doente, não muda de postura e não busca o que tem à disposição no Sistema Único de Saúde.
Pessoas infectadas nesse período de seis anos no Acre foram 1.667. Em 2023, foram 257 casos novos diagnosticados no Acre. A Capital concentra 79,8% dessas confirmações observadas formalmente pelo sistema de saúde.
Jozadaque Beserra, do Núcleo Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis, ressalta trabalho em rede. Foto: Odair Leal/Sesacre
“Uma boa parte [das pessoas infectadas e que morreram em decorrência da infecção] não acessou o tratamento a tempo”, diz o didático boletim do Departamento de Vigilância em Saúde, assinado pelo enfermeiro Jozadaque da Silva Beserra, do Núcleo Estadual de IST’s e de Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Hepatites Virais e Sífilis. “Outras pessoas iniciaram o tratamento, mas não tiveram adesão ao tratamento. Ou seja, pararam de tomar as medicações”.
A pessoa que sabe estar doente e não muda de postura; não se trata, mesmo tendo um sistema de saúde disponível decide espalhar a morte. As Infecções Sexualmente Transmissíveis, sintetizadas na sigla IST’s (não se usa mais a sigla DST’s, Doenças Sexualmente Transmissíveis), não dispõem de um programa estatal específico.
Existe uma rede, com coordenação nacional (feita pelo Ministério da Saúde, estabelecendo diretrizes, normativas, notas técnicas de como os estados devem proceder); existe uma coordenação estadual das IST’s (Aids, hepatites e sífilis) que, por sua vez, dialoga com os municípios. Essa “escadinha” da gestão funciona para a detecção, diagnóstico e tratamento. E talvez a eficácia dela passe a falsa impressão de normalidade e responda pelo desleixo em relação à postura irresponsável de muita gente.
“Outro dia, em um evento, eu vi um adolescente falar a outro ‘… Eu lá uso essa imundície!’, referindo-se a uma camisinha que estava sendo mostrada por uma amiga que brincava com o preservativo na mão”, lembra Janete Alves, presidente da Aga&Vida, uma organização não governamental que lida com a mediação entre o SUS e o cidadão. O Sistema de Informação de Agravos de Notificação registra ainda o número de gestantes com HIV nesse período de 2018-2023. Foram 133 casos. Houve 5 casos de crianças com HIV registrados nos anos de 2018, 2021 e 2023. Nos anos de 2019, 2020 e 2022 não houve registro de casos de crianças com o vírus.
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação registra ainda o número de gestantes com HIV nesse período de 2018-2023. Foram 133 casos. Houve 5 casos de crianças com HIV registrados nos anos de 2018, 2021 e 2023. Nos anos de 2019, 2020 e 2022 não houve registro de casos de crianças com o vírus.

HIV no Acre

HIV em adulto

(2018-2023)

1.667 casos

Mortes por Aids

(2018-2023)

99 casos

Gestante com HIV

(2018-2023)

133 casos

Aids em crianças

(2018- 2021 e 2023)

5 casos

Aids em crianças

(2019- 2020 e 2022)

sem registro

Fonte: Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação)

Aids nos municípios em 2023

O dado mais recente, relacionado ao ano passado, mostra que as cidades de Xapuri, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Rodrigues Alves e Santa Rosa do Purus não registraram casos de Aids. Frisa-se, portanto: em 2023, apenas estes cinco municípios do Acre não registraram casos de Aids. Isso significa que em todos os outros houve registro. Com uma ressalva: em Xapuri, entre 2018 e 2020, houve oito casos novos.
Rio Branco, em 2023, contabilizou 238 novos casos de Aids, dos 330 registrados em todo Acre. É um dado que deveria estar sendo apresentado nas escolas, em palestras, em seminários com educadores. O cenário é preocupante.
Foto: José Caminha/Secom
Os técnicos em Saúde ressaltam, no entanto, que parte desses números altos em relação à Capital se deve à migração de municípios do entorno de Rio Branco. Pessoas em Senador Guiomard, Capixaba, Porto Acre, por exemplo, vêm para Rio Branco iniciar todo o processo, com receio de serem estigmatizadas em uma cidade menor.

Rede melhorou detecção

A rede composta pelas três esferas de gestão (federal, estadual e municipal) tem conseguido melhorar a detecção do problema. A taxa de detecção do HIV passou de 9,8% para 11,8%. O que isso significa? Que está havendo maior número de testagem.
Governo Federal, Estadual e Municípios precisam voltar a fazer campanhas para massificar a ideia de que o uso do preservativo é importante para prevenir. É o instrumento mais acessível, prático e barato. Foto: José Caminha/Secom
É nesse momento que a atuação dos técnicos em Saúde, dos médicos e enfermeiros precisa se associar ao trabalho dos profissionais da Comunicação. É preciso retomar trabalhos estratégicos de divulgação de métodos preventivos. E o próprio Departamento de Vigilância em Saúde da Sesacre reconhece isso. “Precisamos reduzir, cada vez mais, o número de novos casos. E como conseguimos, efetivamente, isso? Através da informação”, afirma o enfermeiro Jozadaque da Silva Beserra, do Núcleo Estadual de IST’s e de Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, do Departamento de Vigilância em Saúde.
“Precisamos munir nossa população cada vez mais sobre a importância das formas de prevenção e que, em casos positivos, o tratamento é gratuito, pelo SUS, e pacientes que são diagnosticados e fazem o tratamento seguem com suas vidas tranquilamente, ou próximo da normalidade”, orienta o enfermeiro.

Ainda, o preconceito

Não existe mais relação direta e restrita entre a infecção por HIV e o público LGBTQIAPN+, como era a concepção existente a partir do fim dos anos 70. Atualmente, o grupo de risco é todo mundo junto e misturado. Quem tem múltiplos parceiros sexuais e, sobretudo, as pessoas que não usam formas de prevenção (com destaque para o uso do preservativo) fazem parte do “grupo de risco”.
A “camisinha” (preservativo masculino ou feminino) é o instrumento preventivo mais barato e acessível que a população tem à disposição. Está em todos os postos de saúde. A pessoa pega a hora que quiser gratuitamente.
Outros métodos são usados. O PEP, por exemplo: é um medicamento. Quando se usa? Quando a pessoa manteve relação sexual com um parceiro que provavelmente esteja infectado. Essa desconfiança, que quase pode levar a pessoa ao desespero, tem no PEP um amparo à disposição no SUS. O PEP é um medicamento anti-HIV usado em caráter de urgência. Mas só pode ser usado por um período de 28 dias. É o recurso quase do desespero.
Há outra alternativa programada: o PrEP (sigla para Profilaxia Pré Exposição). É também um medicamento usado por pessoas que estão sabidamente expostas ao vírus. É usado preventivamente. São exemplos de tecnologias, à disposição no Sistema Único de Saúde, a serviço da prevenção.
PrEP, medicamento usado de forma programada para pessoas em situação de risco constante. É distribuído gratuitamente, mediante avaliação multidisciplinar. Foto: José Caminha/Secom

Duas histórias e uma conversa

As duas histórias e uma conversa contadas a seguir mostram como os fatores sociais e econômicos influenciam no debate e na postura de cada um em relação ao comportamento sexual. Quanto mais educada, quanto melhor formação, maior a possibilidade de valorizar os métodos preventivos. Embora algumas pessoas, com dinheiro e baixa formação, arrisquem-se.
As pessoas que se dispuseram a falar não autorizaram imagens (de nenhuma forma) e nem tampouco a identificação dos nomes. Portanto, os possíveis nomes próprios apresentados são criados pelo redator
Isso enfraquece a narrativa, mas a decisão de manter a história dessas pessoas é para revelar como uma parte da juventude simplesmente tem ignorado, negligenciado e até debochado do uso do preservativo como método de prevenção à Aids.
No início dos anos 90, ainda impactados com os ciclos dos astros Freddie Mercury, Cazuza, Renato Russo, os jovens brasileiros não saíam de casa sem um preservativo na carteira ou na bolsa. Era uma ordem que embalava festinhas, boates, shows. Ninguém saía de casa sem ele. A postura da juventude mudou.

História 1

A mãe de Cláudia (nome fictício) morreu quando ela tinha 12 anos. Hoje com 17, a menina passa boa parte do tempo só em casa porque o pai trabalha como uma espécie de gerente de uma propriedade rural em Manoel Urbano. A casa onde mora fica na parte alta da cidade. Sem luxo. Mas há sempre o que comer.
Sempre estudou em escola pública. Com a morte da mãe, quem mais mantém algum tipo de cuidado na ausência do pai é uma tia. Mas as visitas são raras e têm sido cada vez mais espaçadas nos últimos tempos porque a mulher também tem estado doente. Resultado? Cláudia é quase a dona da casa.
A menina tem 17 anos e senhora de um corpo de mulher faz tempo. “Desde os 15 anos”, diz, sugerindo o tempo que começou a manter a vida sexual ativa. Gosta de música do tipo arrocha e sertanejo. A casa de madeira onde mora com o pai fica aos fundos de um terreno com um quintal grande na frente. Os vizinhos não são incomodados com os constantes barulhos promovidos por ela e duas amigas.
Não há dia exato. “Todo dia. É só ter dinheiro e vontade e a gente faz”, diz, rindo, com dificuldade em expressar um raciocínio inteiro.
Ela estuda pelo período da tarde. Mas “quando tem algum dinheiro e vontade de fazer”, Cláudia “gazeta” aula junto com as duas amigas. E elas nunca vêm sozinhas para casa. Já houve ocasiões de a festa ser com as três meninas e mais cinco rapazes, jovens como elas. O sexo é em grupo. “Só os meninos que não gostam de ‘se pegar’, mas eu e as meninas não temos problemas. Ficamos juntos, às vezes até à noite e depois eles vão embora”, afirma, sempre rindo.
Ela diz que toma remédio para não engravidar. Mas o uso do preservativo… “Vixe, tio! Isso aí é fogo! Os meninos não gostam de usar. E eu também acho que não é bom. Tem que parar e botar aquele troço! E, às vezes, dependendo de como faz, o troço sai na hora… Sinceramente, é chato“Prevenir do quê? Ah… essas doenças? Eu nunca peguei isso não!” .
Mas e quanto a prevenir quanto à Aids? “Prevenir do quê? Ah… essas doenças? Eu nunca peguei isso não!”.

História 2

Rebeca (nome fictício) é garota de programa. Dessas que postam fotos em academias badaladas da cidade. Cobra caro para os padrões locais. Normalmente, R$ 500. Mas pode aumentar. Tudo depende da circunstância e do cliente.
“Você não tem dimensão do que muitos homens, velhos ou jovens, precisam fazer para se sentir excitados!”, afirmou. “Outro dia, ano passado, veio um aqui com um amigo. E ele só se excitava depois que o amigo fodia com ele”, lembrou.
“Eu já fiz muita festinha em chácara. Mas parei porque a gente bebe muito e cheira muito também para poder aguentar. É muita coisa para uma mulher só. Rende um bom dinheiro, mas eu parei com aquilo”, diz, fazendo referência a festas em fazendas e chácaras em que uma mulher apenas transa com vários homens.
E sobre preservativo? “Eu não faço sem preservativo. Normalmente, não. Mas tem homem que paga caro, oferece caro para fazer sem preservativo”. E aí? [risos]. “Tudo depende, né?!”

A conversa

“Aí em Rio Branco, tem uma cena sexual oculta muito forte”

O ac24horas foi buscar um profissional liberal bem sucedido, adulto, que já transitou nas badalações mais disputadas da cidade, para tratar da “cena sexual” acreana. Um homem bem educado, com boa formação, que não mora mais aqui. Diz o que viveu com a serenidade de quem fala a verdade. O critério para a escolha dele foi justamente o fato de estar morando agora em outro cenário, mais cosmopolita, com amarras mais diluídas, após ter vivido por aqui no Acre alegrias sufocadas por uma discrição que não era bem uma escolha. A discrição era, na prática, uma imposição social. Ele sempre mostrou o que era. Mas os parceiros acreanos eram silenciosos. Exigiam isso. Serviam-se do “prato perfeito” . Depois voltavam para casa, como todos homens de bem, plenos de Justiça e com os preceitos morais prontos a serem compartilhados.
Tem algum lugar aqui em Rio Branco que da porta pra dentro a regra é “transe com tudo o que se mexer”?
Em Rio Branco, não existe nenhuma cena sexual… assim… Por exemplo, aqui tem ‘saunas’. Então, quando eu quero fuder eu vou lá… dou uma e volto pra minha casa. Entendeu?
E em Rio Branco não existe isso.
Não existe. Rio Branco é uma cidade totalmente avessa a isso. Ainda é muito provinciana. E, por ser uma cidade pequena, as pessoas têm por princípio não se expôr em relação a nada relativo à sexualidade. Quando eu morava em Rio Branco, e depois que eu saí de Rio Branco e voltei, geralmente, as pessoas aí usam o bate papo da UOL, entendeu? É o canal que você entra, muita gente com objetivos diferentes, mas a maioria das pessoas que entra no bate papo da UOL é pra marcar sexo mesmo. Querem putaria.
E a cena gay?
No quesito gay… qual a realidade de Rio Branco? É muito homem casado que já tem filhos, tem vida social e tudo, mas que curte uma putaria por fora. Então, a realidade de Rio Branco é essa: muita gente que vive dentro do armário e que quer sair pra fazer uma putariazinha fora, mas não quer perder a imagem que a vida social proporciona, família e tal. E fazem tudo na entoca.
Você disse que muita gente curte uma “putaria por fora”. Que tipo de putaria??
Quando eu morava aí, eu lembro de duas situações específicas. Uma vez, eu mantive contato pelo bate papo da UOL e troquei telefone com um cara que era casado e ele, geralmente, ficava comigo quando ia buscar os filhos na escola. Ele saía do trabalho dizendo que ia buscar os filhos na escola e ele dava uma passada na minha casa. Por quê? Porque eu era o “prato perfeito” : eu morava sozinho; eu tinha já a minha vida; eu era independente; eu morava em um lugar discreto. Então, ele ia… parava o carro, entrava, a gente transava e ele ia embora. E eu lembro que esse cara sempre chegava na minha casa de farda.
Ele era militar?
Ele era da PM. E pelo uniforme que ele usava… ele era alguma coisa de alto escalão. E era uma coisa sempre bem oculta… assim: ele não falava o nome dele, a pessoa não se identifica. É uma troca de sexo mesmo: entrar, fuder, meter… ele me comia e eu comia ele (sic). E depois o cara vai embora. Lava o pau e depois vai embora. E depois ele ia buscar os meninos no colégio.
E isso é comum…?
Isso é uma coisa corriqueira em Rio Branco. E, quando rola… rola, realmente, dessa forma. Quando você fica com um cara casado, geralmente, eles têm a maior preocupação com DST’s. Então, eles sempre transam com camisinha. Inclusive, exigem. Fazem o maior auê para que isso aconteça assim. Eu nunca transei com ninguém aí em Rio Branco… assim… de vacilar… de transar ‘na pele’… essas coisas assim, né? Até porque eu mesmo sou muito chato com isso. E eles também, por causa da condição deles.
E qual a segunda situação?
A segunda situação é: você me perguntou se aí em Rio Branco existe algum lugar de referência para swing. A resposta é não. Mas eu vou te contar uma situação minha. Eu já me envolvi com um cara… que esse cara era mototaxista aí em Rio Branco. Inclusive, eu conheci esse cara em uma época que tinha uma boate gay chamada ‘Cá Entre Nós’, que funcionava na Floresta [bairro]. E ele me ‘secava’ muito, toda vez que ele me via na boate. E eu falei pra mim mesmo: ‘Vou ver qual é a dele!’ Paguei uma corrida de mototáxi e pedi para ele me deixar na frente da minha casa. E assim foi feito. E, a partir daí, eu tive um rolo com esse cara por muito tempo. E eu lembro que ele me relatava a seguinte situação:
Agora, é a hora do swing…! [já se empolgando]
Não, menino. Te acalma! [risos] Quer dizer: mais ou menos. Ele falava que ele participava de um grupo de sexo que as pessoas se encontravam tipo… era um encontro sazonal, marcava-se tudo pelo grupo e era um encontro que acontecia da seguinte forma: porque até agora o cara se julgava hétero, né…? Mesmo comendo homem, ele se julga hétero. E aí ele disse que tinha um rapaz nesse grupo que tinha uma chácara e que aconteciam essas festas de sexo na chácara.
E como eram essas festas?
Eles combinavam. Eram, inclusive, pessoas bem conhecidas da sociedade acreana. Mas ele nunca falava nomes. Ele era sempre muito discreto. E uma vez ele deixou eu ver esse grupo. Eu vi as trocas de mensagens. E realmente rola. Trocam vídeos de putaria do que acontece lá.
Mas conta como era a festa nessa chácara.
Geralmente, eles pegam uma mulher. Eles pagam uma mulher para o encontro. E… tipo… nesse encontro vão oito caras.
Oito caras para uma mulher?
Essa mulher é como se fosse o ‘prato principal’. Eles vão para essa chácara. Lá… todo mundo leva bebida, fica à vontade e tudo… e tem essa mulher que… tipo… fica lá transando com eles o tempo todo. E a tara e o fetiche deles é exatamente ser ‘uma pra todo mundo’. E eu lembro que ele me contava essa história… e eu sou curioso e eu ficava perguntando. Então, aí no Acre, essas coisas são combinadas, geralmente, no privado [em contraposição ao fato de não haver um lugar sabidamente usado para encontros sexuais como há em outras cidades]. Em Rio Branco, não existe nenhum lugar que você possa frequentar… no quesito sexual.
As coisas acontecem. Mas não é pra todo mundo ver.
Aí em Rio Branco, tem uma cena sexual oculta muito forte. Mas ela acontece sempre dessa forma. Tudo com muita discrição: as pessoas não querem se comprometer, entendeu? E é tudo feito na entoca. É tudo combinado ocasionalmente. Vou até te dar uma dica.
Oba!
[risos] Menino, doido! Se você quiser, cria, um dia, um personagem. Pode até dizer que você é mulher, por exemplo, e entra em uma sala da UOL e começa a puxar assunto… e começa a conversar com essas pessoas que estão lá e você vai começar a ver o que essas pessoas estão procurando. Porque aí… o UOL é o canal mais forte pra isso. A pessoa entra, ela conversa, ela fala o que tem que fazer, ou fala o que tem vontade… É muito comum o homem estar em casa se masturbando e fica puxando conversa pela sala de bate papo. Porque ninguém tem compromisso de abrir webcam. Você cria uma pessoa e você entra lá e começa a conversar. Eu mesmo já me deparei com todo tipo de situação possível no UOL.
Há muita mentira também, né?
Pois é. Se é verdade ou não… porque a internet, nesses casos, você pode ser o que você quiser. Mas lá é o melhor canal para rolar qualquer tipo de putaria.

Itaan Arruda

Jornalista, apresentador do programa de rádio na web Jirau, do programa Gazeta em Manchete, na TV Gazeta, e redator do site ac24horas.


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