Em meio a iminência de mais uma enxurrada de igarapés na capital em janeiro, nenhum dos igarapés de Rio Branco conta com régua para medição, ou qualquer sistema tecnológico que auxilie a Defesa Civil a se antecipar em caso de catástrofes. Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, a medição do nível dos igarapés na capital ainda é feita de forma empírica e caseira, mas ressalta a necessidade de investimentos em tecnologia.
Segundo Falcão, a Defesa Civil de Rio Branco precisa de apoio de outros órgãos para instalação de réguas, mas que o trabalho não é focado neste tipo de controle: “as réguas, por si só, não evitam qualquer tipo de catástrofe. Em Rio Branco temos 38 igarapés e em igarapés a água aumenta três ou quatro metros num dia só, as réguas funcionam muito mais no Rio Acre, onde o aumento é gradual. Para os igarapés precisaríamos de um programa eletrônico de sensores e sistemas que nos antecipem a questão das chuvas, aí sim se resolvem essa questões. A gente precisa de uma sala de monitoramento com equipamentos, tecnologia, que nos antecipem essas situações em até 24 horas antes dos acidentes, aí sim teremos tempo para poder atuar”.
O coronel James Gomes, da Defesa Civil do Acre, órgão do Governo do Estado, disse que o corpo técnico composto por 8 pessoas é suficiente para a implantação de um sistema de medição com réguas nos igarapés, mas que pode auxiliar a Defesa Civil Municipal, que tem a atribuição de fazer a medição, na instalação das réguas: “a régua nós conseguimos fazer e instalar, mas não é tão simples. A partir do momento em que se coloca a régua, é necessário que alguém vá até o local duas vezes por dia, ou no caso de iminência de enxurrada, uma vez por hora, para que seja criada uma série histórica e podermos, assim, ter embasamento para analisar as expectativas futuras do nível das águas. Nós não temos essa atribuição de verificação nem pessoal suficiente para fazer isso. Estive conversando com o tenente-coronel Cláudio Falcão, que ainda não retornou sobre o assunto”, disse.
Já o coronel Carlos Batista, que comanda a Defesa Civil estadual, disse que apesar do efetivo técnico e administrativo do órgão contar apenas com 8 pessoas, todo a estrutura do Corpo de Bombeiros é ligada à Defesa Civil do estado: “é claro que ninguém briga para ter um efetivo menor, seria bom termos mais pessoal, mas a nossa função é apenas auxiliar as coordenações municipais e estar em contato com os diversos órgãos de apoio”, explicou.
Um levantamento realizado pela reportagem encontrou um estudo apresentado no Congresso Técnico Científico de Engenharia e Agronomia, em 2018. No trabalho, os engenheiros Ailton Marcolino e Carla Jaqueline ressaltaram a importância do monitoramento do nível de igarapés e sugerem o uso da tecnologia para auxiliar na leitura, dispensando o uso humano para leitura diária de uma régua: “Atualmente é utilizado régua linimétrica e radar para medir o nível de água. A régua linimétrica é a mais comum e mais utilizada, no entanto, necessita de um observador para fazer a leitura e registro. Por outro lado, um radar ultrassônico é automático, e pode ser programado para realizar medidas a cada segundo, minuto e hora. O monitoramento contínuo em intervalos de tempo de quinze minutos é necessário durante a estação chuvosa, para evitar surpresas e facilitar à emissão de alertas a população que residem próximas às margens”, conclui o estudo.
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