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No PôdiCast, José Meirelles relembra entrevista com matador de índios em Feijó

Considerado um dos personagens brancos mais importantes para a preservação indígena na Amazônia, José Carlos Meirelles, foi entrevistado no PôdiCast, do publicitário Davi-Sento-Sé, e narrou os desafios da luta indigenista que começou em 1970, quando passou a ser funcionário da Fundação Nacional dos Povos Indígenas.


Meirelles, que chegou ao Acre em 1976, teve que lidar com a falta de qualquer estrutura de apoio para iniciar os trabalhos com a população indígena: “começamos encontrando os índios. O governador da época, Geraldo Mesquita, dizia: ‘no Acre não tem índio, só caboco. Esse pessoal da Funai está pintando cearense com urucum pra dizer que tem índio no Acre’, mas as organizações foram trabalhando e o fato é que o Acre é especial, em 30 anos, 98% das Terras Indígenas foram demarcadas, enquanto no Mato Grosso tem terra do tempo do Império que está encrencada”, disse.


Entrevista com Pedro Biló, o matador de índios


Das experiências de vida citadas no PôdiCast, José Meirelles lembrou da marcante entrevista que fez com Pedro Biló, conhecido matador de índios na região de Feijó, no interior do Acre.



Imagine, o povo nordestino que veio ao Acre era extremamente religioso, devoto de Padre Cícero. Como se convence um devoto a matar pessoas, crianças? Através da estigmatização de que índio não é gente, é igual a um macaco, e não é pecado matar um macaco. O Pedro tinha uma equipe só para ir em aldeias para matar índios, ocupavam território de índios. Então, naquela região da cabeceira do Humaitá, foi lá que esses grupos de indígenas, que sofriam ataques, se esconderam, pois como naquela região não tinha seringueira, também não tinha seringueiro”, explica Meirelles.


Ainda faz sentido contactar aldeias indígenas isoladas?


Segundo Meirelles, a técnica de “presentear” índios isolados para forçar o contato foi abandonada pela Funai. Antes de 1988, a Fundação enviava sertanistas como Meirelles para contactar aldeias, na intenção de liberar as terras para a expansão. Mas em 1988, um levantamento demonstrava que após um ano do primeiro contato, dois terços da população contatada estava morta: “isso é genocídio. Nos perguntamos se estávamos sendo pagos pelo governo para matar índios, então paramos com esse negócio de botar espelho pra índio”, afirmou.


Atualmente morador do nordeste, mesmo à beira da praia, o sertanista aposentado revela sentir saudades de morar na amazônia acreana: “é difícil morar no mato, mas depois de um tempo você se acostuma e percebe que a natureza fica sua amiga, sua casa”.


Veja esses e outros assuntos da participação de José Meireles no PôdiCast no link abaixo:  


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