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A herança deixada por 2023 foi muita violência, descrença política e dias difíceis

Querido amigo 2023, venho nestas últimas horas de sua existência dizer algumas coisas neste momento de despedida.


Primeiro quero agradecer por ter vivido mais um ano com a segurança da minha liberdade de expressão garantida. Já não aguentava mais as insinuações de mais um golpe militar. É bem verdade que logo nos primeiros dias tentaram de tudo para rasgar a nossa democracia, e nós, que tanto criticamos as Forças Armadas, a elas nos dobramos por ter nos devolvido a garantia de nossos direitos.


Mas, meu velho amigo, eu não posso deixar de dizer o quanto fiquei triste quando vi os irmãos Yanomamis sendo explorados e mortos por gananciosos que de suas terras buscavam ouro e madeira. Foi muito desumano assistir impotente a todo o episódio e sentir que todas as medidas tomadas foram paliativas e que os irmãos indígenas continuam sendo expulsos de suas terras.


Você, 2023, também nos mostrou um lado da violência que há muito não víamos: muitas mortes, feminicídios, pai matando filhos e filhos mantando pais. Pelos mais variados motivos, a violência se fez gigante: drogas, alcoolismo, disputa por terras, herança e até por desamor às mulheres, que à custa de muitos esforços, subiram mais um degrau na disputa por espaços igualitários, ou menos desiguais.


Devo dizer que fiquei muito triste ao ver um novo governo eleito pelo povo com o discurso de mudança se juntar com uma turma do Centrão para poder aprovar medidas que, segundo eles, trarão grandes benefícios para país e para os excluídos. Neste momento, me passou pela cabeça a certeza de que todos os governos são iguais, sejam de direita, esquerda ou de centro. Quanta insanidade, não acha?


Pelo Brasil a fora só se falava em corrupção, desvio de verbas públicas que deveriam servir para garantir Saúde, Segurança e Educação para nós brasileiros. E fazendo valer a imagem simbólica da justiça cega, a mais alta corte do país centrou suas decisões em questões políticas, esquecendo que nós precisamos de medidas que nos resguardem dos males dos homens. O Xandão continuou na bolha de caça aos bolsonaristas. A ele todos os holofotes e a nós os apagões causados por um Estado que grita por investimentos.


Tanta coisa que quero lhe dizer nessas horas finais de sua existência que até me atrapalho, porque me vêm à mente figuras queridas que perdemos, como o nosso rei do futebol, Pelé.


Para suportar as coisas ruins, como uma economia “insustentável”, nos sobrou irmos aos estádios de futebol ver mais uma vez o Palmeiras ser campeão brasileiro, enquanto o presidente Lula arengava publicamente com o presidente do Banco Central do Brasil, implorando pela baixa dos juros.


Por aqui, no nosso querido Acre, tudo como dantes. O governador Gladson viajando bastante, inclusive para o exterior; os servidores reclamando de baixos salários; as filas da saúde pública aumentando e o prefeito da capital, Tião Bocalom, prometendo 1001 dignidades e a construção de um elevado.


Mas chega de reclamação. Sei que já tá chegando a hora de ir embora. Faço um alerta: já estou pensando em escrever uma nova cartinha para o seu substituto, na qual pedirei juízo aos governantes e políticos, Justiça aos homens da lei, fartura da natureza, fé aos descrentes, saúde para os enfermos e paciência para nós eleitores, porque teremos em 2024 a dura missão de voltar às urnas na tentativa de escolher algo que não nos decepcione nos próximos quatro anos.


Vá em paz velho companheiro.


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