As apreensões de cocaína cresceram 194,6% no Acre entre 2021 e 2022, levando em conta a atuação de todas as forças de segurança. O dado foi divulgado nessa quinta-feira, 30, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na segunda edição do estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”.
O Estado com mais apreensões de cocaína pelas polícias estaduais foi o Mato Grosso, com 14 toneladas. Apesar de ter altos níveis de apreensão ao longo do período e ser uma rota importante do tráfico, o estado do Amazonas apresentou queda significativa nas apreensões em 2022, com redução de 85% em relação a 2021.
Outros dois estados que se destacam na apreensão de cocaína são Rondônia e Pará.
Existem ao menos duas hipóteses para o crescimento das apreensões de cocaína na região: por um lado, pode-se argumentar que as polícias locais estão mais eficientes e focadas no esforço de apreensão de drogas e outros ilícitos e, sob esta perspectiva, o crescimento das apreensões seria resultado de maior produtividade das polícias Civis e Militares dos nove estados da região.
A segunda hipótese é de que, de fato, a circulação de drogas tenha aumentado na região.
Essa hipótese parece mais plausível diante do relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), divulgado em junho deste ano, que trata da produção, tráfico e consumo de cocaína no mundo. Analisando dados dos três principais países onde há cultivo de coca, o órgão da ONU afirma que houve um crescimento da ordem de 35% das plantações de coca em 2021. Este aumento da produção resultou no crescimento de 16% da produção de cocaína pura e no crescimento de 42% das apreensões globalmente.
A apreensão dos organismos federais na região também cresceu. A Polícia Federal apreendeu 32 toneladas de cocaína em 2022 nos estados que compõem a Amazônia Legal, crescimento de 184,4% quando comparado ao ano de 2019. A maioria desta droga, 38,2%, assim como nas apreensões estaduais, foi apreendida no estado de Mato Grosso, indicando que este também é um estado importante nas rotas.
Em relação ao total de apreensões na Amazônia Legal, as polícias estaduais e federais se comportaram de maneira diferente: entre 2021 e 2022, as apreensões estaduais caíram 12,9%, enquanto as federais tiveram incremento de 66,6%.
Já as apreensões de cocaína pela Polícia Rodoviária Federal tiveram crescimento de 777,4% entre 2019 e 2022, totalizando mais de 28 toneladas no ano passado, sendo que 55% do volume apreendido se deu no Mato Grosso. Novamente, Rondônia e Pará seguem em destaque na apreensão de cocaína, com 6,2 e 1,7 toneladas apreendidas, respectivamente.
Embora não seja possível somar os volumes apreendidos por cada força, dado que as apreensões da PRF costumam ser encaminhadas à Polícia Judiciária federal e parte das apreensões decorre eventualmente de operações conjuntas, chama a atenção o expressivo papel que as polícias federais têm na apreensão de ilícitos na região. O volume de cocaína apreendido pela PF em 2022 foi 57% superior ao das apreensões realizadas pelas polícias estaduais dos nove estados da Amazônia e, na PRF, as apreensões foram 40% superiores à das forças estaduais.
As apreensões de maconha caíram 30% no Acre no período analisado.
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