Com crescimento de 22% de 2021 para 2022, as mortes violentas intencionais no Acre passaram de 194 para 237 casos, levando a taxa no estado para 28,6 mortes a cada 100 mil habitantes no ano passado, ficando acima da média nacional, que foi de 23,3 mortes. Em 2021, essa taxa no Acre foi de 23,6 mortes por 100 mil habitantes.
Os dados são do relatório Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Instituto Mãe Crioula, com base em números das secretarias estaduais de Segurança Pública e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O documento foi publicado nesta quinta-feira, 30.
Com relação às mortes violentas intencionais a cada 100 mil habitantes, o Acre ocupa o oitavo lugar, acima apenas do Maranhão, que teve índice de 28,5 mortes. O estado com a maior taxa é o Amapá, com 50,6.
A cidade de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, é a única do Acre a aparecer na lista dos 100 municípios mais violentos da Amazônia Legal, ocupando a 92ª posição, com taxa de 51,8 mortes a cada 100 mil habitantes.
Quanto às mortes violentas intencionais contra indígenas de 2018 a 2021, o Acre somou 11 casos no período, saindo de 2 mortes em 2018 para 3 em 2021. Com isso, o estado obteve uma variação a terceira maior da Amazônia Legal: 50%.
Feminicídios
Com uma pequena diminuição, de 12 para 11 casos, entre 2021 e 2022, o Acre ficou na segunda colocação, com a taxa de 2,7 mortes a cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Rondônia, que registrou 3. O índice também é maior do que a média da Amazônia Legal – 1,8 mortes por grupo de 100 mil habitantes.
Quanto aos homicídios contra mulheres de maneira geral (não apenas feminicídios), o Acre também registrou redução nos números, de 29 mortes em 2021 para 22 no ano passado. A taxa proporcional de 5,3 mortes por 100 mil habitantes foi o quinto maior índice da região.
Confronto entre facções
De acordo com o estudo, existem 13 municípios no Acre que estão sob disputa de territórios por facções criminosas – Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Brasiléia, Assis Brasil, Epitaciolândia, Bujari, Jordão, Feijó, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Sena Madureira, Senador Guiomard e Plácido Castro. Outros 5 possuem espaços sob controle de uma organização.
Cenário amazônico
O Brasil registrou, no ano passado, taxa de violência letal de 23,3 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Nas cidades que compõem a Amazônia Legal, a taxa chegou a 33,8 por 100 mil. De acordo com o levantamento, todos os crimes comparados tiveram resultados piores para a região amazônica: homicídios, feminicídios, homicídios contra indígenas, estupros e registros de armas.
Nas cidades classificadas como urbanas pelo IBGE, a taxa de mortes violentas intencionais na Amazônia legal – de 35,1 por 100 mil habitantes – é 52% superior à média nacional, que foi de 23,2 por 100 mil.
O documento diz que, se o desmatamento desenfreado e a exploração ilegal de minérios são variáveis presentes há décadas na região, que também convive diariamente com a violência decorrente dos conflitos fundiários, a disseminação de facções criminosas que atuam especialmente no narcotráfico é um fenômeno que se consolidou há cerca de uma década, gerando crescimento dos homicídios e ameaçando ainda mais o modo de vida dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
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