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Após 6 anos fechada, Casa de Chico Mendes é reaberta ao público em Xapuri

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Depois de quase seis anos fechada, a Casa de Chico Mendes, em Xapuri, no Acre, se abriu mais uma vez mais ao público acreano e mundial com uma solenidade marcada por muitas memórias do líder seringueiro.


Nesta sexta-feira, 10, o entorno da casa histórica voltou a ter grande movimentação para a cerimônia de reabertura, que se tornou possível a partir da parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), prefeitura de Xapuri e a família Mendes.


Antes de ser reaberta, a casa passou por obras de manutenção e reforma, que consumiram um investimento de R$ 92 mil. O espaço também recebeu de volta o acervo repleto de objetos associados ao ofício do trabalhador amazônico nos seringais e à luta contra a concentração fundiária e desmatamento na região, que culminou com a morte de Mendes.

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Símbolo da arquitetura vernacular amazônica, a casa de número 487, na rua Batista Moraes, em Xapuri, recebeu autoridades e população para a cerimônia de reabertura, com a presença do presidente do Iphan, Leandro Grass, o superintendente do Instituto no Acre, Stenio de Melo, e da vice-governadora Mailza Assis, entre outros muitos nomes.


A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não compareceu ao evento, mas enviou mensagem de áudio justificando a sua ausência, que foi reproduzida com a sua imagem no telão. O presidente da Apex, Jorge Viana, fez o mesmo.


Ângela Mendes, filha do líder sindical e presidente do comitê que leva o nome do pai foi a primeira a falar. “Essa casa tem para mim uma camada afetiva muito grande porque foi nela que tive o último contato com meu pai. Que a população de Xapuri aproprie dessa casa, zele, visite, para que a memória de Chico Mendes seja mantida viva e perpetuada”, disse.



Ao ac24horas, o filho mais novo, Sandino Mendes, disse que a casa onde seu viveu os últimos momentos não representa apenas um museu, mas simboliza uma mensagem que Chico Mendes já passava nas décadas de 1970 e 1980, com relação à necessidade de se preservar a floresta e os povos que nela vivem.


“O simbolismo dessa casa tem que nos chamar à reflexão sobre o que estamos passando hoje, com relação ao clima, e que a gente entende como consequência daquelas ações contra às quais meu pai lutou com tanta paixão”, disse Sandino.


Raimundo Mendes de Barros, primo e representante do legado de Chico Mendes, deu um discurso forte em nome de todos os movimentos sociais do Acre. “Houve conivência do governo do estado à época e das autoridades de Xapuri para que um homem como Chico Mendes tenha sido assassinado nessa casa”, afirmou.


Leandro Grass, presidente do Iphan, cumprimentou a famila Mendes, o prefeito de Xapuri, Bira Vasconcelos, e a vice-governadora Mailza, e disse que o governo federal começa a se aproximar mais dos municípios acreanos na área da cultura. Para ele, Mendes foi um grande defensor da cultura. “Quando Chico lutava para as pessoas não serem expulsas, lutava para que elas existissem”, afirmou.


O prefeito de Xapuri, um dos responsáveis pela parceria que possibilitou a reabertura da Casa de Chico Mendes, agradecer e reforçou a presença da vice-governadora Mailza Assis, que, segundo ele, manifestou desejo em se fazer presente. “Nunca ninguém tão importante disse que queria vir a um evento como esse”, destacou.



“O que nos estamos fazendo do aqui hoje, que parece ser uma coisa muito simples, representa o resgate de uma coisa que não pode ser esquecida; representa o resgate da memória do Chico, nunca defendeu a discórdia ou o conflito, mas que há espaço para todo mundo”, completou o prefeito.

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A vice-governadora Mailza foi a última a fazer no evento. Segundo ela, a reabertura da Casa de Chico Mendes tem enorme importância. “Essa casa precisa ser preservada e reconstruída para que as crianças possam ter sempre conhecimento da grandeza dessa história”, afirmou, garantindo que o governo do estado se põe à disposição de ajudar na manutenção do patrimônio.


Um pouco da história

Chico Mendes se tornou líder dos trabalhadores rurais e ganhou notoriedade mundial ao defender a preservação do meio ambiente, melhores condições de vida aos trabalhadores amazônicos e o extrativismo como alternativa a um modelo predatório.


“Sou um seringueiro, meus companheiros vivem da floresta há 130 anos, aproveitando a sua riqueza sem destruí-la. A Amazônia possui os maiores recursos biológicos do mundo”, discursou Mendes ao receber, dentre vários reconhecimentos, o Prêmio da Sociedade para um Mundo Melhor, recebido nos Estados Unidos, em 1987.


O município de Xapuri está localizado às margens do rio Acre, na confluência com o rio Xapuri, a 180 km de distância da capital Rio Branco. O surgimento da cidade está associado ao ciclo da borracha, entre o final do século XIX e início do XX, tendo Xapuri se tornado principal entreposto acreano no comércio de látex.


Na segunda metade do século XX, o governo brasileiro incentivou projetos desenvolvimentistas para a região amazônica. No estado do Acre, levas migratórias assentaram fazendas, nas áreas em que até então já viviam os seringueiros. O impasse entre seringueiros e fazendeiros culminou na fundação do sindicalismo no Xapuri, tendo Chico Mendes se tornado principal opositor da expansão dos fazendeiros.


Em 1988, Mendes foi assassinado aos 44 anos, em Xapuri, na casa que ainda hoje guarda o mesmo feitio e objetos daquela época, como mobiliário de madeira e pote de barro. A partir desta sexta-feira, o espaço está, novamente, aberto a quem queira visitá-lo.


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