As empresas de aviação acreanas experimentam raro momento de expansão. Há poucas atuando na região. Com melhor estrutura, apenas cinco operam regularmente. Na prática, todas administram os mesmos problemas em um cenário de muita competição, em meio a clientes com renda, na média, muito baixa. Mas percebe-se até um certo entusiasmo quando a questão é investimento.
É o caso da Ortiz Táxi Aéreo. A empresa emprega diretamente 40 pessoas, quase todas com rotina diária no Km 38 da BR-317, sentido Rio Branco- Boca do Acre. Neste local, há uma estrutura privada incomum para os padrões locais. Dois hangares onde são feitas as manutenções das aeronaves, galpões de mecânica, sala de peças para reposição, sala de espera de passageiros, sala de treinamento de equipe, além da pista de 1.000 metros asfaltada e com balizamento noturno.
“Nós passamos por auditorias de operação, manutenção e segurança operacional constantes”, alerta o diretor de Segurança Operacional da Ortiz, Doriedson Sá de Brito. Há 10 anos na empresa, Brito representa bem o grupo experiente que está sob o comando de Marcelo Ortiz. Hoje com 54 anos, Doriedson de Brito começou a trabalhar no antigo Aeroporto Presidente Médici aos 11 anos, carregando bagagem e lavando aviões para a Xapuri Táxi Aéreo. “Aos 15 comecei a gerenciar a empresa”, orgulha-se. Está há 10 anos na Ortiz. Tudo o que acontece na pista da empresa tem a digital e a responsabilidade dele.
Hoje, a Ortiz Táxi Aéreo possui uma frota de 12 aeronaves. Em operação, no entanto, há dois Caravans; 3 Minuanos (um em revisão) e três Sênecas. A empresa expande participação no mercado regional com aquisição de mais uma aeronave Caravan e um learjet modelo 55. E é na aquisição desta última aeronave que está a maior ousadia da Ortiz Táxi Aéreo: quer intensificar ações no transporte aeromédico.
A empresa já realiza esse tipo de transporte fazendo adaptações nos modelos Caravans. Agora, investe em um refino que vai transpor os limites do Acre.
“Queremos nos consolidar no transporte aeromédico interestadual. Queremos fazer a remoção do paciente, a partir de Rio Branco, para os grandes centros do país”, anuncia Marcelo Spina Ortiz, 46, herdeiro direto das responsabilidades repassadas pelo pioneiro José Fernandes Ortiz, 72. “Mas vamos tentar fazer isso com calma, primeiro fortalecendo nossa presença na região Norte”.
Pneu furado_ Um exemplo de como as empresas precisam gerenciar problemas que podem ser evitados aconteceu na última terça-feira. Enquanto estava atendendo a equipe de reportagem, o empresário Marcelo Ortiz recebe um telefonema. Um dos funcionários informava que uma aeronave da empresa teve o pneu furado momentos antes da decolagem no Aeroporto Internacional de Rio Branco. O Caravan, inclusive, fazia o transporte dos corpos das vítimas do acidente aéreo do último domingo. Teve que adiar a saída para Eirunepé.