O IBGE divulgou no último dia 28/10, os resultados do universo da população do Brasil, dos Estados e dos Municípios, desagregadas por idade e sexo, do Censo Demográfico 2022. Esta segunda apuração do Censo mostra uma população para o Acre de 830.018 habitantes, com 8 pessoas a menos do que na primeira apuração. No artigo de hoje vamos trazer os números do Acre, evidenciando os resultados por Regionais e por Municípios.
O IBGE destaca que o Censo Demográfico é a principal fonte de referência sobre as condições de vida da população em todos os municípios do país e em seus recortes territoriais internos. Os resultados do universo da população por idade e sexo do Censo Demográfico 2022 apresentam a distribuição da população residente no país segundo grupos etários e sexo, além de alguns indicadores derivados dessas informações, como a idade mediana, o índice de envelhecimento e a razão de sexo, para Brasil, grandes regiões, unidades da federação, concentrações urbanas e municípios.
Acre envelhece cada vez mais rápido e idosos já são 6,3% da população
Em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais no Acre (52.297) chegou a 6,3% da população, com alta de 64,9% frente a 2010, quando esse contingente era de 31.706, ou 4,3% da população. Já o total de crianças com até 14 anos de idade recuou de 247.230 (33,7%) em 2010 para 221.158 (26,6%) em 2022, uma queda de 10,5%. A regional do Tarauacá/Envira era a mais jovem: 33.9% de sua população tinha até 14 anos, e a do Purus vinha a seguir, com 29,9%. As regionais do Baixo Acre e Alto Acre tinham estruturas mais envelhecidas: 7,0% e 6,6% da sua população tinham 65 anos ou mais de idade, respectivamente.
A idade mediana da população acreana atingiu os 27 anos em 2022. As regionais do Baixo Acre (29 anos) e a do Alto Acre (27 anos) foram as que apresentaram as maiores medianas. As menores medianas da população foram na do Tarauacá/Envira (21 anos) e na do Purus (22 anos).
Enquanto no Brasil o índice de envelhecimento chegou a 55,2, no Acre foi de 23,8 em 2022, indicando que há 23,8 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. O menor índice foi na regional do Tarauacá/Envira (12,35) e na do Purus (15,33).
Acre tem 6,0 tem praticamente o mesmo número entre mulheres e homens
Em 2022, na população acreana, 50,04% (415.332) eram homens e 49,96% (414.686) eram mulheres, com somente 646 homens a mais que as mulheres. A razão de sexo, número de homens para cada 100 mulheres, passou de 100,85 em 2010 para 100,16 em 2022. Na tabela a seguir apresenta-se a população residente e o percentual por sexo, para as regionais e para os municípios acreanos.
A regional do Baixo Acre foi a única que mostrou uma maior proporção de mulheres, com uma razão de sexo de 96,4 em 2022. Além do mais, somente dois municípios apresentaram um número de mulheres maior que os homens: Rio Branco (11.460) e Cruzeiro do Sul (192). Foi o primeiro censo em que mostrou uma das regionais acreanas com um número de mulheres maior que o de homens.
Homens são maioria na população até os 24 anos
Assim como no Brasil, no Acre, a razão de sexo por grupos etários mostra maior proporção de homens desde o nascimento até os 24 anos. A partir do grupo etário de 25-29 anos, há uma maior proporção de mulheres. Também no Acre, a proporção de homens, em média, diminui à medida que aumenta o porte populacional dos municípios, partindo de 111,35 homens para cada 100 mulheres (Manuel Urbano), até 93,91 para os municípios com mais de habitantes (Rio Branco).
Os desafios de uma população mais idosa
Pesquisei sobre os desafios desse novo quadro demográfico. No artigo de Matías Mrejen, Letícia Nunes e Karla Giacomin, publicado em fevereiro de 2023, pela Revista de Estudo Institucional n. 10 do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde de São Paulo, com o título; “Envelhecimento populacional e saúde dos idosos: O Brasil está preparado?”. O artigo destaca aspectos importantes, a saber:
1 – Entre 2010 e 2022, aumentou a parcela da população residindo em domicílios com idosos e a parcela de idosos residindo em domicílios exclusivamente de idosos.
2 – Quando idosos têm limitações funcionais para tomar banho, comer ou realizar atividades similares da vida diária, a ajuda para realizar essas atividades é provida geralmente por membros da família, principalmente nas famílias de menor renda.
3 – A provisão de cuidados no domicílio parece prejudicar a posição das mulheres no mercado de trabalho: elas têm maior probabilidade de realizar tarefas de cuidado pessoal no domicílio quando há idosos com limitações funcionais e tais tarefas estão relacionadas a menores probabilidades de elas estarem ativas no mercado de trabalho, bem como a uma diminuição na quantidade de horas trabalhadas.
4 – Apesar desse cenário, o sistema de saúde do Brasil está pouco preparado para lidar com esse processo de envelhecimento. A disponibilidade de recursos humanos e físicos especializados no cuidado de idosos é baixa e não tem crescido na última década. Esse despreparo pode afetar não somente os idosos, mas também os membros de suas famílias responsáveis pela provisão de cuidados, que recaem de forma desproporcional sobre as mulheres.
Os autores concluem que, em conjunto, esses dados sugerem que o Brasil não está preparado para enfrentar os desafios atrelados ao acelerado envelhecimento da sua população. Diante das evidências, fica claro que todos os envolvidos na problemática têm que se adaptar rapidamente à nova realidade do país, estruturando políticas públicas que garantam a saúde e qualidade de vida dos idosos no país.
Não fazê-lo pode afetar não somente os idosos, mas também os membros das suas famílias responsáveis pela provisão de cuidados, que recaem de forma desproporcional sobre as mulheres.
É, portanto, urgente a discussão acerca da oferta de cuidados domiciliares a pessoas idosas, principalmente entre a população de menor renda, para a qual o impacto da inatividade no mercado de trabalho para prover cuidados no domicílio é potencialmente mais prejudicial.
São desafios que precisamos enfrentar com urgência.
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