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Em meio à seca extrema, Acre registra o pior outubro da história em focos de queimadas

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O volume de focos de queimadas detectado em 2023 no estado do Acre pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) até o dia 27 de outubro é 41% menor que o registrado no mesmo período do ano passado – 10.828 em 2022 contra 6.387 do ano em curso.


No entanto, outubro de 2023 já é o pior da série histórica do Instituto no estado, cujo monitoramento começou no ano de 1998. Até esta sexta-feira, 27, foram detectados 1.664 focos de queimadas desde o dia 1º do mês. O valor máximo anterior era de 1.652 registrados em 2020.


O maior índice de queimadas em outubro deste ano é impulsionado pela seca extrema, provocada por uma combinação de fenômenos produzidos pelas mudanças climáticas e um forte El Niño, que resulta em temperaturas mais altas que o normal, facilitando a disseminação do fogo.

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A situação desencadeia uma tragédia humana e ambiental na região, de maneira especial na Amazônia Ocidental, que compreende os estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Alguns dos principais rios da Amazônia estão secando, impedindo o acesso de embarcações e isolando comunidades inteiras.


Calamidade Pública em Epitaciolândia


No Acre, nesta sexta-feira, 27, a Prefeitura de Epitaciolândia decretou estado de calamidade pública em razão da seca do igarapé Encrenca, fonte de captação de toda a água tratada que é fornecida para a cidade. O prefeito, Sérgio Lopes, está pedindo doações de água em galões de 20 litros para a população beber.


“Nós estamos pedindo ajuda, inclusive, de outros municípios, de empresários, aqueles que puderem ajudar, fornecendo água potável em galões de 20 litros, pois a água que está chegando pelos caminhões não está em condições de consumo. Serve para banho e limpeza, mas não para beber”, disse o prefeito.


Uma força-tarefa é feita na cidade, com o apoio do Corpo de Bombeiros, para o abastecimento de postos de saúde e escolas. A prefeitura está aguardando a chegada de carros-pipas cedidos pela Defesa Civil Estadual transportar água de Brasiléia para Epitaciolândia


No decreto de calamidade pública, que foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), o prefeito Sérgio Lopes considerou “as dificuldades para abastecimento de água tratada na cidade, atingindo mais de 18 mil habitantes, seja nas casas ou em órgãos públicos, e funções essenciais.”


O decreto também menciona a ausência de chuvas na cidade e diz que o município vai precisar de apoio financeiro para arcar com os custos das ações básicas de assistência. Na mesma medida, Sérgio Lopes criou o gabinete de crises para a tomada de decisões.


Nos últimos dias, a direção do Serviço de Água e Saneamento do Acre (Saneacre) esteve no município e recomendou à população a economia de água por conta da seca severa. Situação parecida ocorre em Xapuri, onde parte da cidade é abastecida por um igarapé que se encontra com nível baixíssimo de água.


Na tarde desta sexta-feira, choveu de maneira considerável em Epitaciolândia, mas de acordo com informações prestadas pelo prefeito, o volume não teve capacidade suficiente para impactar positivamente no nível do Igarapé Encrenca, que é a única alternativa de captação de água na cidade.


Emergência no Acre


No último dia 16, o secretário nacional de proteção e Defesa Civil, Wolnei Barreiros, reconheceu, por meio da Portaria nº 3.173, publicada no Diário Oficial da União (DOU), a situação de emergência nos 22 municípios do Acre devido à seca extrema. Dez dias antes, o governo do Acre tinha pedido socorro à União.


O Decreto nº 11.338, publicado no dia 6 de outubro no Diário Oficial do Estado (DOE), estabeleceu situação de emergência no Acre justificada pelo “cenário de extrema seca vivenciado e da iminente possibilidade de desastre decorrente da incidência de desabastecimento do sistema de água no estado.”

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