Sete entidades emitiram uma nota de repúdio após o senador do Acre, Marcio Bittar (União), votar a favor de uma emenda do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que tenta acabar com as cotas raciais e também para deficientes em universidades e institutos federais.
Na nota, as entidades acreanas citam que mais de 70% da população local se auto declara preta ou parda, ou seja, negra, segundo critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Estatuto da Igualdade Racial.
“É inadmissível que um de nossos representantes em Brasília posicione-se contra as Cotas Raciais. Inadmissível, porém, ‘compreensível’ por inúmeros motivos, sendo certamente um dos principais o racismo”.
Para o grupo, racista não é só aquele que ofende, mas que também assina embaixo com o sistema opressor, deixando de dar oportunidades a quem sofreu quase 400 anos de escravidão e continua sofrendo consequências.
“Somente uma pessoa que não conhece a situação de vulnerabilidade da população negra, principalmente do (a) jovem negro (a), pode ser contra as cotas. Cotas raciais precisam continuar existindo porque o Brasil tem uma dívida histórica com a população negra, e entender isso é fundamental para que pessoas como o Senador Marcio Bittar percebam seu lugar de privilégio”.
Para eles, é importante lutar por políticas de ações afirmativas que se baseiem no princípio da equidade e da justiça social, levando em conta a distância de oportunidades educacionais perpetuadas pelo racismo.
A nota de repúdio é assinada pelo Fórum Permanente de Educação Étnico Racial do Estado do Acre; Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial; Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial; Associação de Mulheres Negras; União de Negras e Negros pela Igualdade; Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas é Federação das Religiões de Matriz Africana do Acre.