Ela afirma ser um desafio ser mãe de intelectual. Principalmente, quando não se tem conhecimento. “O Cristian sempre foi muito precoce. Deu muito trabalho na escola por não ser compreendido. Fui chamada várias vezes, mas não era por briga, era comportamento, por ser bastante agitado, não prestava atenção na aula porque aquilo ele já sabia. Para mim, como profissional da educação, me doía muito, porque mesmo pedagoga, não sabia lidar àquela época”.
Como mãe, Jeane relutou, a princípio, em enxergar que seu filho era um superdotado. “Ele próprio quis passar pelo processo de investigação. Quando recebi o parecer, eu fui mãe e chorei. Foi resposta para muita coisa, porque até então só achava que ele tinha sido precoce, mas não um superdotado. Foi muito emocionante aprender a entender mais um pouco desse universo que é a superdotação e cada um é diferente em seus interesses, comportamentos e emoções”.
Cristian estuda medicina veterinária, mas quer migrar para medicina: “o Naahs melhorou 100% o meu entendimento sobre mim mesmo e me ajudou a entender porque eu tinha certos sentimentos dentro e fora da sala de aula, porque eu pensava de certa forma, tão diferente dos demais, porque para mim tudo parecia tão fácil e para os outros tão difícil. Quanto o professor começou a ensinar raiz quadrada, eu já sabia, pois tinha estudado sozinho. E até hoje na faculdade acontece o mesmo, mas agora sei como trabalhar esse sentimento, sei que cada pessoa tem seu tempo e sua velocidade”.
No entanto, o estudante garante que teria levado uma vida bem mais fácil se tivesse sido identificado na infância. “Eu fazia muitas perguntas, e os colegas ou até alguns professores, não se sentiam confortáveis com isso. O professor não entendia o que me ocorria, achava que eu estava afrontando, mas de forma alguma, era uma genuína vontade de ajudar. Já fui tirado de sala mais de uma vez. Fui crescendo e comecei a ficar mais retraído. Eles não me entendiam e nem eu mesmo me entendia”, esclarece.