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Cidade das galerias: o fenômeno imobiliário que invade Rio Branco

Há pelo menos cinco anos, o espaço urbano de Rio Branco vem apresentando uma transformação em sua paisagem. Imóveis antigos dão lugar a extensos corredores e ruas de comércio cobertas. Ao que parece, as galerias comerciais têm caído no gosto do empreendedor e cliente acreano, com cada vez mais empreendimentos nesse formato, não só no – antigo – Centro da cidade, mas em diversos pontos da capital acreana.


Além de proporcionar conforto ao público, é uma oportunidade de oferecer grande variedade de mercado e concentrar os mais diferentes tipos de comércio num só lugar. O corretor e sócio da Hoouse Imóveis Únicos no Acre, Tiago Mendonça, afirma que esse movimento começou de forma tímida, com certa desconfiança dos empreendedores e proprietários, mas que mesmo com dezenas de galerias já espalhadas pela cidade, ainda existe carência desse tipo de produto no mercado local.


Galerias comerciais têm ganhado espaço na capital acreana há aproximadamente 5 anos. (FOTO: Sérgio Vale)

“É um imóvel que apresenta duas demandas: a de quem constrói e a de quem aluga. Quem constrói vê que todo mundo está fazendo e dá bom resultado. E quem está investindo vê que é um bom negócio”. Entretanto, segundo o especialista, a quantidade de galerias construídas em Rio Branco ainda não é suficiente para atender a demanda da cidade. “Ainda tem muito salão de beleza para abrir, muita hamburgueria, pizzaria, spa para inaugurar. Ainda tem muitas oportunidades”, declara.


Encontrar o local ideal é o grande diferencial para o sucesso de uma galeria, aliado ao projeto arquitetônico do espaço. Para o empresário, engana-se quem pensa que o mercado imobiliário de galeria já está saturado. “Há bastante espaço para mais galerias na cidade. Isso é bom para a capital. A gente consegue criar alguns centros comerciais e esses centros agregam muito valor para o consumidor. Daqui a algum tempo, a gente pode ter uma padaria, uma barbearia, um minimercado, mercado express, tudo em forma de galerias”, explica.


Mendonça acredita que esse tipo de empreendimento valoriza muito o mercado imobiliário e se torna um ponto positivo para a cidade e para o consumidor final. “De pequeno, médio e grande porte, deve haver mais de 20 galerias na cidade e esse é um movimento que está em expansão e vai aumentar”.


Espaços oferecem vagas de estacionamento e projeto facilitado para reformas. (FOTO: Sérgio Vale)

A empresa em que atua tem trabalhado com uma variedade de clientes. Alguns compram imóvel para fazer galeria, outros procuram uma galeria para locar. “É um negócio de locação. Locação é receita recorrente, aluguel mensal, e isso é muito parecido com você pegar um dinheiro, colocar no banco e ficar recebendo renda”. De acordo com o profissional, há um ponto muito positivo da galeria: a valorização do imóvel e a segurança de retorno financeiro.


“O mercado imobiliário é seguro e por isso estamos vendo um aumento significativo de empresários querendo investir no mercado imobiliário para locação. São espaços muito procurados para aluguel de comércio e, inclusive, a preferência dos comerciantes, pois normalmente estão muito bem localizados, oferecem estacionamento, o que é um diferencial para quem tem negócios”.


Um ponto comercial em galeria atrai clientela pelo fato de que: não há dor de cabeça com reforma ou reparo, pois esse imóvel é entregue “cru”, ou seja, sem piso, sem forro. Quem aluga, faz uma obra só, não é necessário tirar o piso e colocar o que a pessoa quer. Ela já coloca o piso do jeito que deseja no momento que faz a locação ou o projeto, de acordo com a franquia ou o arquiteto, “Isso facilita, economiza e ganha tempo”, diz o corretor.


As regiões de Rio Branco que mais apresentam esse tipo de edificação são várias, mas há dois bairros que mais se encontram as galerias como pontos comerciais na cidade. O primeiro já está bastante consolidado, no Morada do Sol, mais precisamente na rua Guaporé, região central. “Ali tem muita galeria, muita loja, se transformou num centro comercial muito estável. Há grupos de lojas há muito tempo. É o lugar mais consolidado e mais seguro para abrir uma loja de rua”, detalha Tiago.


O segundo ponto que apresenta crescimento nesse setor, muito por conta da demanda imobiliária e dos empreendimentos próximos, é a parte localizada na região do bairro Floresta Sul, na rua Rio de Janeiro, estrada da Floresta, estrada do Calafate e arredores do shopping de Rio Branco. “Tem uma galeria (recém-construída) – próxima da Uninorte que já alugamos toda, e tem outras novas para sair ali perto, num raio de 2 a 3 quilômetros do shopping”.


Do ponto de vista comercial, as galerias oferecem muito mais pontos positivos do que negativos. “São projetos aprovados, validados pela prefeitura, geram emprego, renda, oportunidades, respeitam o Plano Diretor da cidade. Não vejo nenhum ponto negativo no crescimento desse tipo de empreendimento. Pelo contrário, acho que fomenta o negócio, gera renda, tributos ao município”, ressalta Mendonça.


Longos corredores formam ruas de comércio cobertas em Rio Branco (FOTO: Sérgio Vale)

Como avanço das galerias, o -antigo- Centro da cidade vem perdendo um pouco mais de força ao competir com esses projetos novos, com vagas de estacionamento e bem planejados. “Quando um empresário procura a gente, ele precisa de vagas. Acredito que essas galerias vão roubar um pouco o mercado das lojas mais antigas, que não tem essa estrutura, onde é mais complicado reformar”.


orretor e sócio da Hoouse Imóveis Únicos no Acre, Tiago Mendonça – Foto: Cedida

As novas galerias são um completo vão. Quem aluga, divide do jeito que quiser, no entanto, os imóveis antigos não têm essa mesma facilidade. “Os mais antigos apresentam alvenaria estrutural que não pode quebrar. Por isso acabam perdendo mais um pouco, mas acredito que não de um dia para o outro. Vejo muito mais essas galerias com novos empreendimentos, do que alguém saindo de um lugar antigo para migrar a esses novos espaços. É esse o movimento que vejo, sempre uma nova clínica, um novo salão, uma filial de uma barbearia, de doceria, sempre empreendimentos e não migratórios, conclui Tiago”.


VEJA AS GALERIAS DE RIO BRANCO – FOTOS: SÉRGIO VALE