Na manhã desta sexta-feira, 15, ocorreu no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC), um encontro de pecuaristas para debater a crise no preço da arroba do boi que teve diminuição de cerca de 66.67% nos últimos anos e, com isso, buscam apoio dos bancos para a renegociação de dívidas por intermédio da política.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária no Acre, Assuero Veronez, revelou que devido à baixa no preço da arroba do boi, que caiu de R$ 3 ml para mil, os produtores amargam prejuízos e precisam de ajuda do governo e instituições bancárias. “Ocorre devido uma série de situações e o fato é que a crise chegou e é preocupante e afeta a cadeia produtiva, atingindo o pequeno produtor que não consegue pagar”, ressaltou. Veronez disse ainda que acredita na reação do mercado no Acre, porém, a longo prazo. “Daqui a um ano mais ou menos. O fundamental séria postergar o pagamento [dívidas]”.
Devido à crise, que segundo a reportagem Especial do ac24horas apurada pelo jornalista Itaan Arruda, atinge 14.146 pecuaristas em todo estado, o senador da República e presidente da comissão da agricultura no Congresso Nacional, Alan Rick (União Brasil), usou o discurso para alegar que o momento ruim ocorre ainda devido à pandemia. “Tudo aumentou de preço absurdamente, todos nós sofremos e o produtor rural precisava investir na sua propriedade rural e com isso veio a queda do preço onde a produção não paga o financiamento”, explicou.
Alan ainda afirmou que, os bancos que realizaram financiamentos, podem fazer renegociação das dívidas. Uma das medidas apresentadas pelo parlamentar, é anistiar os débitos dos produtores que perderam sua lavoura, por meio de um projeto de lei já aprovado na Câmara Federal. “Para quem perdeu na cheia ou seca e certamente os bancos estenderão as mãos aos produtores do Acre, em cada caso, os bancos tomarão as medidas necessárias”, comentou dizendo que se houver queda na pecuária, haverá perda na economia acreana.
Sobre os 1.250 produtores que abriram linha de crédito e hoje obtêm débitos superiores a R$ 35 milhões, o superintendente do Banco da Amazônia, Edson Souza, revelou que a instituição está aberta à renegociação com os produtores rurais, em geral, em específico aos pecuaristas. “A gente está ciente do preço baixo do gado e queremos dizer que estamos à disposição para renegociar as dívidas dos produtores além de poder abrir crédito. Sabemos que a situação do mercado é momentânea e por isso vamos buscar um cronograma conforme a capacidade do cliente. Então podemos renegociar ou prorrogar as parcelas”, explicou, dizendo que somente esse ano já houve operações de crédito de quase R$ 50 milhões somente na pecuária.
Na mesma linha de raciocínio do representante do BASA, o superintendente do Banco do Brasil no Acre, Daniel Rondon, também mostrou que a instituição financeira já está com opções de renegociação das dívidas. “Trabalhamos com três modelos de negociação, o primeiro para os produtores capitalizados pode haver a quitação da operação e abre uma nova levando em consideração o preço menor e com isso, ele faz ampliação do rebanho. A segunda opção é os produtores que não tem capacidade, eles devem fazer laudo técnico e faz prorrogação por igual período e transferir ao ano que vem. Já a última é pra quem perdeu a oportunidade de pagamento, está na inadimplência, então é caso individual e temos que avaliar”, declarou.
Quanto à proposta de renegociação de dívidas, o secretário de agricultura e agronegócio do Acre, Luiz Tchê, revelou que defende uma lei que de fato prorrogue os débitos dos produtores. “Por normativa, acabamos atendendo uns e outros não, principalmente os pequenos. Tinha que ser uma coisa por meio de lei para prorrogar os financiamentos e dar fôlego”, sugeriu.
O deputado estadual Emerson Jarude (NOVO), esteve no encontro e se colocou à disposição para ajudar os produtores a sair da crise. “O que chegar de projetos na Assembleia Legislativa, estarei pronta para ajudar. Essas propostas [do encontro] vão ser levadas ao governo”, destacou.
A produtora Juvelina Moura, usou a palavra e pediu apoio para desenvolver as produções no Acre, além de defender o pagamento à vista dos débitos. “O pequeno precisa do médio e o médio precisa do grande, além disso, está ocorrendo a demora para terminar uma análise. Na programação, queremos pagar à vista”, disse.
Fotos: Sérgio Vale/ac24horas
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