A Castanha cedeu a primeira posição para a Soja
Em agosto de 2014, a exportações acreanas atingiam 5,13 milhões de dólares, sendo 2,59 de castanha (50,5%) e 1,40 milhão de dólares de madeira (27,3%). 10 anos depois, em agosto de 2023, as exportações atingiram 36,68 milhões de dólares, sendo 18,57 milhões (50,9%) de soja e 4,56 milhões de castanha (12,4%). Portanto, vemos que a castanha, uma das riquezas extrativas acreanas, explorada pela pequena produção familiar, cede sua hegemonia nas exportações acreanas para a soja, explorada pelos grandes detentores de terra e de capital. Portanto, além de crescer mais de 7 vezes em 10 anos, as exportações acreanas apontam para um novo portifólio de produtos exportados. Observa-se a queda das exportações dos produtos florestais (castanha e madeira) e uma ascensão dos produtos da agricultura (soja e milho) e da pecuária (suínos e bovinos).
Na tabela abaixo destacamos o comportamento dos principais grupos de produtos exportados em agosto e até agosto de 2023 (janeiro a agosto). Onde se percebe que a safra da soja, quase que totalmente exportada para o exterior, que embora já tenha diminuída sua expressividade em agosto, representando somente 0,5%, até agosto, chegou a 50,9% de tudo o que foi exportado pelo Acre. Chama a atenção o rápido crescimento da carne suína e do milho e uma queda nas exportações de produtos madeireiros, impactados pela questão ambiental. Já os produtos derivados da pecuária bovina, estão estáveis, aguardando a abertura de novas mercados para expandir o seu potencial instalado na economia acreana.
Balança comercial de 2023 é 24,2% menor que a de 2022
Na tabela a seguir destacam-se os números dos oito primeiros meses do ano de 2014 até o de 2023, mostrando o expressivo crescimento nos últimos 3 anos. O Saldo total (exportações menos importações), no período, foi de 197,89 milhões de dólares, o que corresponde, utilizando-se a correção cambial média dos últimos meses, algo próximo a quase 1 bilhão de reais (R$ 994,45 milhões). Destaca-se que 54,8% desses valores, foram obtidos nos últimos três anos.
Em 10 anos, 21,3% das exportações foram destinadas ao mercado peruano
No gráfico a seguir, destacamos os dez principais destinos das nossas exportações no período analisado. US$ 180,16 milhões, correspondendo a 82,5% das exportações, foram canalizados para esses dez mercados, nos últimos 10 anos.
Em 10 anos, 18,7% das importações foram oriundas do mercado espanhol
No gráfico a seguir, destacamos as dez principais origens das nossas importações no período analisado. US$ 24,51 milhões, correspondendo a 86,6% das importações, foram oriundos desses dez mercados, nos últimos 10 anos.
Soja e milho se destacam também no cenário brasileiro. No Vaivém das Commodities, coluna assinada pelo jornalista Mauro Zafalon da Folha de São Paulo, do dia 08/8, destaca que, no Brasil, com produção recorde de 157 milhões de toneladas, a saída de soja em agosto deve ter somado 7,9 milhões de toneladas, o que elevaria o total do ano para 82 milhões, 22% a mais do que em 2022. Por outro lado, o colunista reforça que a produção nacional de milho, que surpreende nessa reta final de safra, poderá atingir até 139 milhões de toneladas, conforme as estimativas mais otimistas, deve ter encerrado agosto com a saída de 25 milhões de toneladas pelos portos do país. O volume superaria em 28% o de igual período de 2022. No Acre, a previsão do IBGE para o ano, é para um crescimento de 104,6% para a produção de soja e de 3% para a produção de milho.
E a pequena produção, como fica nesse cenário? Zafalon em 25/7, destacou que os dados projetados pelo Ministério da Agricultura para a safra 2032/33, destaca a importância que a agricultura familiar terá na produção de proteínas, com forte participação de carne suína, e na carne de frango, vejo nesses dois produtos uma oportunidade para que a pequena produção acreana amplie a suas atividades, aproveitando o potencial agroindustrial instalado do Alto Acre (Dom Porquito e Acreaves).
O colunista, destaca, no entanto, que a escala de produção e a dificuldade de adoção de novas tecnologias, no entanto, ainda deixarão os produtores familiares longe da produção de grãos destinado ao mercado externo.
Uma política agrícola governamental forte é necessária e pode ampliar a participação da pequena produção no mercado externo, ampliando seus horizontes para novos dias.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas