O casamento das servidoras da Caixa Econômica Federal, Tânia e Kika, em 2012, foi a primeira união homoafetiva formalizada em Tarauacá. Elas viviam juntas fazia 8 anos e saíram do Nordeste, foram para São Paulo e, depois, para o Acre.
No último dia 1º de setembro, aconteceu o segundo casamento entre pessoas da mesma orientação sexual. As jovens Maria da Glória de Brito Gomes, de Tarauacá, e Gennyfer Oliveira de Morais, de Feijó, decidiram oficializar a união após três anos de relacionamento.
As histórias foram contadas pelo jornalista Raimundo Accioly, em seu blog, onde ele relata que no primeiro caso, as nordestinas Tânia, da Bahia, e a pernambucana Kika, depois de migrarem para São Paulo, se conheceram pela internet e vieram para o Acre para trabalhar na Caixa Econômica Federal.
Elas conheceram o Acre por meio das entrevistas de Jorge Viana e pela história de luta de Chico Mendes. A escolha por Tarauacá aconteceu em decorrência do concurso público para ingresso na Caixa.
Na época, elas disseram que apesar da resistência de pessoas, instituições preconceituosas e da intolerância sobre o tema, elas superam tudo pelos sentimentos de respeito, amor, confiança, dedicação e felicidade.
“Fomos bem acolhidas pelos tarauacaenses, estamos felizes e vamos compartilhar nossa felicidade com muito amor e respeito a esse povo querido”, afirmou Kika ao blog do Accioly.
No casamento mais recente, a tarauacaense Maria da Glória, tem 31 anos, nível superior e é servidora pública. Já a feijoense Gennyfer Oliveira, tem 26 anos, ensino médio completo e trabalha como vendedora nas Lojas Gazin. Ela reside em Tarauacá há mais de 10 anos.
Para Maria da Glória, o casamento significa estarem juntas e se conhecendo mais a cada dia.
“Quando resolvemos casar, sabíamos que iríamos ser questionadas por parte da sociedade, o que é muito comum, e isso não diminuiu em nada a nossa vontade de realizar o primeiro de nossos muitos sonhos. Vamos enfrentar, ainda, muita coisa pela frente, principalmente relacionada aos nossos direitos” disse.
Ela também falou sobre “uma barra” que o casal passou quando Gennyfer adoeceu, precisou ser transferida para Cruzeiro do Sul e Rio Branco.
“Ver a pessoa que amamos nessa situação, faz a gente repensar toda nossa vida e poder realizar esse sonho dela depois de toda tempestade que passamos é uma alegria imensurável. Quanto aos planos para o futuro, vamos deixando nas mãos de Deus porque ele sabe de todas as coisas e ama seus filhos acima de tudo”, concluiu.
O debate em torno da igualdade de direitos para casais homoafetivos tem ganhado cada vez mais relevância na sociedade brasileira nos últimos anos. A regulação jurídica dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo tem sido tema central nas discussões sobre direitos civis e inclusão social.
Nesse contexto, o Brasil se destaca como um dos países pioneiros na América Latina a reconhecer e legalizar o casamento homoafetivo, proporcionando importantes avanços em termos de igualdade e reconhecimento dos direitos fundamentais de todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual.
Contudo, ainda existem ameaças, como o Projeto de Lei 5167/09, que pretende acabar com o casamento homoafetivo no Brasil e proibir a adoção de crianças por casais da mesma orientação sexual. A matéria tramita na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados.
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