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Após depressão e síndrome do pânico, servidor público percorre a Transamazônica numa POP 100

Por
Leônidas Badaró

Reginaldo Reis tem 49 anos e sempre foi “ligado” à natureza. Chegou ao Acre em 1982 e foi morar em uma área de floresta na região de Brasileia. Cresceu e se tornou professor de escolas da zona rural e continuou vivendo em torno da floresta.


Alguns anos atrás, veio para Rio Branco. A mudança para a capital acreana não lhe fez bem.


Ele estranhou a vida de “cidade grande” e desenvolveu depressão e síndrome do pânico. Iniciou o tratamento à base de medicamentos, mas resolveu se tratar também de uma forma inusitada. Pegou sua POP 100, uma das menores motocicletas do mercado, e decidiu percorrer a Rodovia Transamazônica, conhecida pelas condições ruins de trafegabilidade e por ser isolada em vários trechos, já que cruza áreas indígenas e de preservação ambiental.


Reginaldo conta como decidiu se aventurar em sua pequena motocicleta. “Sempre tive um espírito aventureiro, como sempre morei na zona rural, foi um baque quando me mudei para Rio Branco e acabei desenvolvendo um quadro de depressão e síndrome do pânico. Não poderia deixar isso me dominar. Apesar de fazer o tratamento medicamentoso, decidi fazer essa aventura e mostrar que é possível superar um quadro de depressão, superar as adversidades. Estou muito feliz com a decisão que tomei e minha aventura tem sido uma oportunidade de me conhecer ainda mais e me conectar com a natureza”, explica.


O aventureiro saiu do Acre no último dia 26 de agosto. “Saí de Rio Branco para Porto Velho e de lá fui para o Humaitá, no Amazonas. Tive que descer até Lábrea, já que é lá o ponto final da Transamazônica. E passei por lugares isolados e comunidades nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Mato Grosso”, onde ele estava até o início dessa semana.


Nas redes sociais, mostra sua rotina pela estrada, como o improviso na alimentação, um acidente que sofreu durante o percurso e as adversidades da rodovia. Ele conta também os momentos mais difíceis. “Já percorri quase 2 mil quilômetros, e sem dúvida, os momentos mais difíceis foram os locais mais isolados, onde, no meio da floresta, não havia nenhum ponto de apoio. São locais de preservação ambiental que não tem nenhum morador, tive que dormir às margens da estrada. A poeira é outro problema, já que existem regiões onde há um grande fluxo de caminhonete por ser região de garimpo e exploração de madeira”, relata.


Reginaldo Reis, 49 anos, o servidor aventureiro – Foto: Aquivo Pessoal

Apesar de todas as dificuldades impostas pela viagem, Reginaldo conta que não se arrepende em nenhum momento. “Foi uma decisão extremamente acertada. Tive o apoio da minha esposa, dos meus filhos e apesar das diversas dificuldades, estou fazendo o que gosto, o saldo é muito positivo”, conta.


A aventura só termina em cerca de 8 dias, que é quando Reginaldo retorna ao Acre em sua POP 100.


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Leônidas Badaró
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