Os ex-moradores da invasão Terra Prometida, desapropriados de suas casas em uma área pública no bairro Irineu Serra, em Rio Branco, estão acampados em frente o prédio da Assembleia Legislativa do Acre há 16 dias.
O tempo decorrido foi marcado por manifestações, acusações ao governo e foi o estopim para a destituição da deputada estadual Michelle Melo da função de líder do governo na Casa Legislativa, já que a mesma passou a cobrar do próprio governo, que encontrasse uma solução.
Mulheres grávidas e crianças estão entre os acampados na entrada da Aleac.
Entenda o caso
No dia 15 de agosto, forças de segurança participaram de uma mega-operação para dar cumprimento a um mandado judicial de reintegração de posse de uma área do estado, no bairro Irineu Serra, conhecida como invasão Terra Prometida.
Na área, estimou-se que mais de 500 famílias ocupavam uma área de 3 hectares do terreno público, por isso, a Procuradoria Geral do Estado ingressou com a ação judicial. Em resposta à provocação, o juiz Anastácio Menezes ordenou a retirada das famílias e de suas respectivas posses, incluindo a derrubada das casas construídas ilegalmente.
Houve confronto entre policiais e moradores da invasão e um policial militar foi ferido com uma pedrada. Crianças, idosos e gestantes foram atingidos por bombas de gás lacrimogênio e disparos de spray de pimenta.
No dia 28 de agosto, dezenas de famílias que descartaram as opções dadas pelo governo de moradias improvisadas, acamparam em frente à ALEAC, na tentativa de ganhar atenção política. Alguns deputados ensaiaram movimentos em favor do grupo, mas foi a deputada estadual Michelle Melo quem chamou a atenção do governo e, por ser da base da gestão executiva, conseguiu fazer sua voz reverberar nos corredores palacianos – mas acabou sendo dispensada da função de defender o governo, já que não a praticava.
Durante esse tempo, o governo já ofereceu aos manifestantes, 30, 27 e 25 lotes de terra nas proximidades do Acampamento Marielle Franco, no bairro Defesa Civil, e o próprio governador já se colocou como fiador em caso de atraso no pagamento do Aluguel Social. Mesmo assim, os sem-terra exigem uma área de 325 lotes na mesma área onde estavam ocupando, ou em área equivalente.