Há outros. Procure no Play Store, se usa smartphone Android, ou no Apple Store, se usa iPhone com sistema iOS, e instale um aplicativo que grave automaticamente todas as suas ligações telefônicas. Pode parecer uma bobeira. Não é. Faz uns cinco anos que gravo tudo e guardo, periodicamente, o que pode, futuramente, me ser útil.
Sabe aquela conversa com o telemarketing te cobrando uma dívida que você não tem? Ou uma negociação que ficou na confiança da palavra do vendedor? Ao menos você terá algo mais concreto para usar futuramente como prova.
Nesse mundo dominado pela Internet, onde quase todas as transações que fazemos são usando um telefone celular, operamos a conta no banco, compramos desde livros, alimentos, combustível até passagens aéreas e reservas de hotel, guardar registro das conversas mantidas pelos serviços de suporte, principalmente, é um cuidado excepcionalmente necessário.
A transição do mundo que levamos milênios para regular e conhecer suas regras para o mundo informatizado, o Cyberspace, dominado por poucos e desbravado pelos hackers da Deep Web, nos expõe hoje em dia a uma enorme vulnerabilidade.
Em suma: neste exato momento tem um trambiqueiro preparando ou até operando um golpe contra você. E ele vai fazer isso usando não apenas a tua incapacidade de perceber que está levando um golpe, mas também as próprias regras e as vulnerabilidades dos sistemas dos prestadores de serviço que você utiliza.
Por sinal, você deve conhecer alguém que recebeu uma ligação se dizendo da área de segurança do teu banco e foi convencido a fazer uma transferência fraudulenta? Talvez você mesmo já tenha sido vítima de algo assim e, ao recorrer ao banco, foi informado de que a instituição não tem o que fazer, já que foi você mesmo que operou a transação, do seu aplicativo e com a sua senha.
Eu próprio caí num conto desses na semana passada. E não sou necessariamente um mané no assunto e caí como um patinho. Na ligação o indivíduo se identificou como da minha agência, citou que trabalhava com a gerente da minha conta e disse o nome dela, falou o valor, data e para quem fiz minhas últimas transferências, com o detalhe de que, em relação aos nomes, ele deu sobrenomes que não constam no extrato visível no meu aplicativo e até disse em que tipo de aplicação eu havia operado no dia anterior. Uma das transações eu havia realizado não fazia meia hora. Depois de toda essa credencial, você desconfiaria que o sujeito, do outro lado da linha, não falava em nome do banco?
Mas, para o banco, quem fez a transferência fui eu, com minha senha e meu token de segurança e, por isso, não se responsabilizam pelo estrago nas minhas finanças, embora, pelos últimos trinta e oito anos, foi a ele que confiei a guarda das minhas economias. Só que eu tenho algo a mais além da palavra de um sexagenário chorão: tenho uma gravação, de mais de uma hora de conversa, mostrando o passo a passo do estelionatário inequivocamente acessando informações sigilosas a partir do sistema do próprio banco.
Tenho também a esperança de que o banco, brevemente, reveja suas políticas de segurança e de relacionamento que dão absoluta certeza a estelionatários de que podem continuar aplicando golpes em seus clientes. Afinal, ao menos o que sou (ainda) cliente, ao lavar as mãos me atribuindo displicência, abre as portas para que eles continuem impunes.
Pago um boi para não entrar numa briga, principalmente se essa correr na seara judicial, mas pago uma boiada… É nessa hora que ter a gravação certamente me será de extrema utilidade como prova.
Lembre, antes que seja tarde: Call Recorder… o merchandising é gratuito, mas dar bobeira sai caro.
Roberto Feres é Engenheiro Civil e Perito Criminal da Polícia
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