FOTO: WHIDY MELO
A ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado do Acre (DPE/AC), Soleane Manchineri, foi até uma invasão no bairro Defesa Civil na manhã desta segunda-feira, 14, em Rio Branco, e disse que qualquer ação violenta no caso dos mandados de reintegração naquela invasão e no Irineu Serra, pode colocar o Acre em manchetes de noticiários internacionais.
Segundo os moradores da invasão no bairro Defesa Civil, onde 109 famílias ocupam 2 hectares de território, o processo de reintegração de posse judicializado pelo Estado do Acre não segue o rito legal, sendo a decisão de reintegração proferida ainda durante a fase processual de negociação. “Fizemos uma proposta para eles [o Estado], e eles nem nos responderam. Sequer consta no processo o pedido de reintegração, então como está acontecendo isso?”, disse Jamir Rosas, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MTST. Os moradores alegam que policiais militares circulam na área fazendo comentários e deboches sobre a derrubada de casas.
Durante a conversa com Soleane, na invasão, Jamir Rosas afirmou que caso a polícia aja para retirar os moradores de casa em cumprimento a reintegração de posse, “haverá guerra”. “Nós tentamos conversar, mas eles não respondem. Vamos deixar claro. Se eles entrarem aqui, haverá guerra, ninguém vai sair de casa, vai ter morte, vai ter prisão. Ninguém vai sair daqui sem lutar. Se preparem para levar todo mundo preso, das crianças aos velhos”, afirmou.
A ouvidora-geral da DPE, Soleane Manchineri, disse que um incidente dessas proporções geraria repercussão internacional, e que em outras provocações feitas pelo movimento indígena, o governo se calou. “Vocês já tentaram de tudo. Com o movimento indígena ele [o governador] também não dialoga muito não. Tivemos um tempo em que pedimos várias pautas numa agenda, mas ele não nos recebeu. Não acho que vai acontecer [um confronto violento na reintegração], mas se acontecer, vai colocar o Acre em machetes internacionais, porque o Brasil é signatário de um acordo internacional que garante os direitos humanos fundamentais”, afirmou Soleane aos moradores da invasão.