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O mecanismo das passagens mais caras e os piores serviços

Apesar de aviador e amante da aviação, o governador Gladson Cameli relega o setor há um segundo ou terceiro plano no Acre. A isso, e muito pior que isso, soma-se o completo descaso das companhias aéreas com o Estado: passagens extremamente caras e serviços precários, marcados pelos atrasos e cancelamentos.


No fim de julho, uma passageira e seu filho foram ao aeroporto de Rio Branco para tomarem o voo das 1h45, mas o avião só decolou por volta das 3h para Brasília. Em geral, poucas explicações plausíveis para os atrasos e nenhuma para os valores exorbitantes dos bilhetes. O mais dolorido no bolso dos viajantes é que o governo do Acre subsidia o querosene de aviação reduzindo a 3% o imposto que seria 19%.


Então, aéreas? Falam isso e aquilo, mas o final é de novela e o consumidor sempre a ver navios nos aeroportos da capital acreana ou de Cruzeiro do Sul, onde o MPF tenta mobilizar até a Justiça para obter alguma melhoria para melhorar os voos e reduzir as desculpas dadas pelas aviadoras na contenção de viagens a essas localidades.


Voltando a Gladson Cameli este, sim, poderia tomar uma decisão dura e retomar o imposto integral, uma vez que não há retorno para os usuários — e deveria sim fazer muito mais, subsidiando uma aérea de menor porte com cabedeis para longas distâncias. As grandes companhias, por exemplo, repassam trechos para estas: se o passageiro compra um bilhete de Rio Branco para Joinville, por exemplo, passará por Brasília e São Paulo, de onde parte em um avião de outra empresa menor rumo a Santa Catarina. Por que não o fazer a partir de Rio Branco?


Quanto aos voos internos, de Rio Branco a Cruzeiro do Sul ou a outras cidades do Estado, com subsídio e apoio — algo como o extinto programa Rotas Acreanas -ajudaria sobremaneira nos deslocamentos aéreos internos.
O subsídio em geral não é recomendado para determinadas atividades, porém o que se tem no Acre (e em outros Estados da Amazônia) é um fenômeno que o empurra ao atraso e seus moradores à mercê de uma ou duas empresas.


Gladson Cameli precisa sair de sua zona de conforto neste caso. Só reunir-se com CEOs, executivos, gestores públicos e privados não é suficiente. Só haverá relevância no discurso do governador quando este mostrar uma solução definitiva à questão, tirando o Acre do jugo desse mecanismo que move as passagens mais caras e os piores serviços.


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