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A nossa insegurança de cada dia

Não, definitivamente, as cenas de carnificina que aconteceram no Presídio Antônio Amaro não são obras do acaso. Era uma tragédia anunciada, resultado da organização do crime organizado (perdão pela repetição, necessária neste caso) e a desorganização do poder público, em todas as suas esferas.


O momento pode até não ser o mais adequado para apontar culpados, mas é preciso uma reflexão responsável, sem a maquiagem tão comum nas administrações públicas.


A rebelião de proporções jamais vistas no Acre é um exemplo de que nada ou quase nada funciona na segurança pública. Alguns dias atrás, quando em um editorial se falou que a segurança pública no Acre estava falida, o que mais se ouviu foi ranger de dentes vindo de quem deveria ter a humildade suficiente de dizer que as coisas não estão bem e que não há condições de se resolver a crise na segurança sem apoio.


Prova disso, é que a primeira coisa que o governador Gladson Cameli, que não está no Acre, fez, ao saber da rebelião, foi pedir ajuda ao Ministro da Segurança Pública, Flávio Dino. Aliás, em uma crise penitenciária como jamais foi vista no estado, não temos a presença do governador, da vice e do secretário de Segurança Pública em solo acreano.


As autoridades que comandam a segurança pública precisam compreender e aceitar que o Estado está perdendo a guerra para os criminosos, que as poucas ações não têm sido suficientes para diminuir o poder das facções criminosas. É preciso parar de mentir para a população e tentar passar a falsa sensação de segurança em tempos de “paz” entre as facções criminosas como uma conquista das políticas públicas, quando, na verdade, a trégua não passa de um acordo entre os próprios grupos faccionados.


Este espaço não tem uma receita pronta para resolver o problema da segurança, mas tem a certeza que o primeiro passo é ter a hombridade de admitir que precisamos de ajuda, urgente. Muito mais do que apenas recursos financeiros, armas e viaturas, precisamos de inteligência, parcerias e organização. Tudo que não temos feito.


O Acre precisa de uma estratégia eficiente para o combate ao crime organizado. E se não conseguimos construí-la entre nós, vamos pedir ajuda, pediremos socorro ao governo federal, ao judiciário, a especialistas espalhados por alguma parte desse mundo, onde quer que estejam. Não é feio admitir que não temos capacidade, o que é muito mais feio é perceber o enfraquecimento do estado e ouvir o choro de mães que perdem seus filhos cada vez mais jovens para a criminalidade. Mais do que feio, horrível, é ver as ruas vazias da capital do Acre porque as pessoas estão com medo de sair de suas casas.


Antes que esqueçamos, o presídio é de “segurança máxima”. Seria cômico, se não fosse trágico.


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