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Cartéis, usura e atravessadores: o tripé da carestia no Acre

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Da redação ac24horas

Não há semana em que este ac24horas não traz informe de aumento em determinados produtos no Estado do Acre. Mesmo com os seguidos cortes, redução de impostos e tantas medidas populistas, o acreano, por exemplo, segue pagando a gasolina mais cara do País. Sobretudo, há cálculos indicando que os cortes, reduções de preços e desonerações pouco puxaram para baixo, mas, ao contrário, trouxeram aumento de 20% no custo da gasolina ao consumidor final.


Como isso é possível? Além das fiscalizações burocratizadas, que visam apenas cumprir cronogramas, o Procon deveria fazer um trabalho de inteligência para detectar o peso dessa cruz nas costas do consumidor acreano e não somente em relação aos combustíveis como em todos os bens de consumo vendidos no Estado. Gastando 9,8% do salário mínimo, o acreano é um dos quatro que mais comprometem a renda para abastecer o carro.


É bom lembrar o fantasma do frete caro. Não havia a Ponte do Madeira e, por isso, a logística dos produtos fazia, segundo esse mito, malabarismos para chegar à mesa (ou ao carro, cama, mesa, banho…) dos acreanos, elevando exponencialmente o custo — e nem se fala do frete aéreo.


Hoje, viu-se que o problema não era as malfadadas balsas que faziam a travessia do Madeira, pois os produtos continuam encarecendo três anos após seu fim. Mesmo que o tempo para vencer as duas margens do rio tenha diminuído drasticamente, o frete é muito alto. Há empresas que sequer entregam nesta região.


O que faz o acreano pagar mais caro por tudo, absolutamente tudo? O açaí é de Feijó, não viaja por rodovia com pedágio, mas é como se ele fosse importado da Groenlândia. A farinha é de Cruzeiro do Sul, porém, guardadas as devidas proporções, se iguala ao salmão do Alasca quando o assunto é o último valor na cadeia de comercialização.
Mas nada se compara com o que vem de fora — ou seja, quase tudo. Frutas e verduras não são da melhor qualidade e tem custo que muitas vezes afastam os mais pobres. Há mercados que cobram R$16 por um caixa de 500 gramas de uva mesmo com as regiões produtoras em plena safra. E aí não adianta falar em alimentação saudável.
Comida tem, o dinheiro é curto para comprá-la.


O governo do Acre tem de pensar em subsidiar alguns produtos e garantir preços acessíveis independentemente do humor do mercado e organizar uma ofensiva contra os atravessadores, a cartelização das empresas e a usura que podem estar por trás da carestia que impede a população de ter melhor qualidade de vida.


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