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Etanol do milho: a Apex, o enxerimento e os enxeridos

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Da redação ac24horas

O ac24horas tem acompanhado com alguma frequência a agenda da Apex Brasil. Sob liderança do ex-governador do Acre e ex-senador, Jorge Viana, a agência de promoção das exportações do governo brasileiro conquista um protagonismo no setor do agronegócio que o Acre precisa atentar.


O primeiro fator que a Secretaria de Estado de Agricultura precisa observar é para a possibilidade de aumento de área plantada sem necessitar derrubar floresta. As áreas de pastagens e áreas degradadas existentes já são suficientes para, talvez, dobrar a produção atual. O sistema de integração lavoura pecuária no Acre tem operado mudanças importantes no que se refere à produtividade.


A própria Embrapa Acre traduz isso em números, tendo dados do IBGE como referência. Entre 2013 e 2022, por exemplo, a área cultivada de milho no Acre diminuiu 15%. No entanto, a quantidade de milho produzida subiu 28%. Sem contar o rendimento na relação saca por hectare que aumentou 36%.


Qual relação isso tem com a Apex? O próprio ac24horas já noticiou como a mudança na transição energética, pressionada pela mudança climática, reforçou os investimentos na cultura do milho no país. A Apex tem fomentado atuação de empresas que já operam na chamada “Indústria 4.0”. Um exemplo é a Inpasa Brasil, motivo de reportagem assinada por Marcos Venicios semana passada aqui no site.


Resumindo a trama: o que a Inpasa Brasil faz? Transforma milho em farelos para produção de proteína animal; parte do resíduo é também transformada em óleo comestível, mas a maior parte do amido extraído do milho vira combustível. Em uma palavra: biocombustível. Os Estados Unidos já fazem isso há, pelo menos, 20 anos. Com uma capacidade de apontar tendências no setor agrícola em escala global, os investimentos norte-americanos acabaram criando uma espécie de geopolítica do etanol.


O fato é que o Acre pode apostar nessa ideia sem prejuízos para o meio ambiente. Há respaldo de doutores em solos da Embrapa. São pessoas que entendem do assunto e têm muito mais respaldo do que qualquer discurso desqualificado que tem sido apresentado tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.


Aliás, nesse aspecto, o Acre deu uma piorada. Quem tem subido à tribuna dos parlamentos (tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado) para tratar da relação entre Economia e Sustentabilidade Econômica e Ambiental fala pior do que panfletos. Isso quando não descambam para o puro e simples negacionismo das evidências científicas sobre mudanças climáticas. Verdade seja dita: nem quem apoia o “agro” tem se sentido representado com qualidade pela bancada acreana.


É bem verdade que o histórico do biocombustível no Acre tem saldo muito negativo. Será preciso a Apex elaborar uma retórica que seja capaz de fazer da experiência da Alcoolbras/Alcool Verde um episódio superado.


A memória do cidadão acreano com a ideia da produção do álcool combustível não é boa. Não trouxe nenhum elemento prático para a rotina do acreano. Ficou sempre na promessa de um setor da agricultura que sempre dependeu das benesses do governo federal para se sustentar economicamente. A história mostra isso.


As usinas do interior de São Paulo viveram outro ambiente no fim dos anos 80, quando passaram a investir exatamente não na produção do etanol da cana. Mas na produção de energia.


A questão que precisa ser melhor debatida aqui no estado é que o Vale do Rio Acre tem condições, agora concretas, de mudar o cenário da agricultura regional com o mínimo impacto sobre a floresta. É real essa possibilidade. A agência do Brasil que costura relações comerciais mundo afora está dizendo que tem governo disposto a apoiar o enxerimento. Resta saber quem são os enxeridos dispostos a acreditar.


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