Há de se lembrar sempre aos incautos dos poderes que o Acre é uma sociedade multifacetada, de etnias singulares, culturas diferentes, uma maquete do Brasil com suas diferenças regionais, raciais e culturais. Diz-se “poderes” porque o Estado é composto de três grandes forças para conduzir a sociedade ao sucesso e bem-estar: o Judiciário, Legislativo e o Executivo.
No entanto, a responsabilidade pelo mal-estar e fracasso do Acre tem recaído quase que exclusivamente sobre Executivo, que como o próprio nome diz “executa” e apontá-lo como responsável não só é honesto como adequado, pois para isto seu signatário, neste caso Gladson Cameli, foi eleito em sufrágio universal, o voto do povo.
No entanto, Judiciário e Legislativo também tem de ser cobrados, apáticos que parecem diante dos enormes problemas que o Estado enfrenta. O Legislativo, por exemplo, foi sugado pela “agenda barnabé”, que só cuida de problemas pontuais de categorias de servidores. Não por menos, entra semana e sai semana as galerias da Assembleia Legislativa vivem lotadas de servidores, ou fixos e temporários, ou um só ao mesmo tempo, ou nenhum dos dois, encarnados desta feita na figura do tal “cadastro de reserva”. Cada um com sua demanda e reivindicação. Claro, todos precisam de um lugar ao sol e todos, indistintamente, têm de ser ouvidos, lembrados e defendidos. Ocorre que os deputados estaduais só fazem isso. Enrolaram-se nesse novelo interminável e pouco ou nada produzem para a sociedade.
Já o Judiciário, que um dia foi mais presente nos dramas sociais do Acre, enredou-se na burocracia das audiências e julgamentos, e parece não ouvir mais a voz rouca das ruas.
Este é um momento muito difícil do Acre. Só não vê isso os apáticos empanturrados com seus salários nababescos. Longe dos corredores palacianos, onde passam deputados e juízes, a população clama pela simples presença do Estado.
Está ali em ruas esburacadas, sem água, esgoto e vivendo sob a égide das facções, mas sabe que a farinha é pouca e, primeiro, vem o pirão deles.