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Cidadão da Capital entre a língua e os beiços

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Da redação ac24horas

A escolha de Alysson Bestene como candidato do Progressistas à Prefeitura de Rio Branco deveria fazer corar Tião Bocalom. É uma exposição óbvia da falta de traquejo político do homem que, os fatos mostram, nasceu para viver da lembrança de uma Acrelândia que só existe na cabeça dele.


Mesmo com a Prefeitura de Rio Branco nas mãos, a presidência da Associação dos Municípios do Acre, a interlocução direta com a bancada federal, Bocalom não deslancha. O orgulho não o deixa perceber os atropelos da gestão que está sob sua responsabilidade. O orgulho e a teimosia lhe são muito caros.


Teimosia esta que tem, no desgastado debate sobre “ruas judicializadas”, o exemplo mais concreto. A rotina do poder revelou o preço de suas amizades. O senador Petecão sabe bem o custo.


São situações que demonstram, de maneira bem simples, como o gestor deixou nu o político. Fosse capaz de agregar, de aglutinar, Bocalom teria condições de transformar o Progressistas. Um partido que possui o governador do Estado, a vice-governadora, o prefeito da Capital e da segunda maior cidade do Estado e mais três deputados federais… isso tudo deveria capitalizar o prefeito quase em um movimento natural dentro do partido. Mas, para isso, seria preciso ter uma liderança com capacidade para construir pontes e não de destruí-las. E essa parece ser uma especialidade do “novo Boca”. Ele não conseguiu estabelecer um diálogo mínimo com o governador Gladson Cameli. Uma pessoa para conseguir isso precisa pelejar muito.


Qual será o destino político do atual prefeito de Rio Branco? Qual partido lhe dará guarida? O PSDB? O mesmo ninho que lhe permitiu ser secretário de Estado na gestão de Jorge Viana? De fato, o tucanato anda carecido de bichos com plumagens mais fortes.


Alysson Bestene está como sempre esteve: ancorado, sustentado por uma outra liderança. Aliás, se é uma coisa que este jovem político precisa trabalhar na imagem pública dele é essa ideia de que ele não consegue ter brilho próprio. Alysson Bestene carrega o peso de sempre depender de alguém que lhe sustente as vontades. Em comparação com Bocalom, Alysson não tem nem a lembrança de um mundo imaginário, uma espécie de Acrelândia para chamar de sua. Alysson precisa retirar, urgente, essa impressão de que, uma vez eleito, ele teria que pedir autorização a alguém para cortar a faixa de inauguração, mesmo do posto de saúde mais modesto.


Enquanto isso, o povo vai se espremendo nos ônibus sucateados, nos postos sem remédios básicos, pulando esgoto no meio da rua, deixando meninos em casa por causa da greve dos professores, ou sofrendo nos ramais nada dignos. Não tem sido fácil a vida por aqui.


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