No período de janeiro a maio de 2023 o Acre perdeu mais de 1.770 vagas com emprego com carteira assinada. As estatísticas do Ministério do Trabalho (novo Caged) indicam, conforme pode ser observado nos gráficos abaixo que, embora o número das admissões em 2023, tenha sido levemente maior que o mesmo período de 2022, a causa maior da queda dos empregos ocorreram em virtude dos desligamentos efetuado pelos empregadores, tenham superado ao ano anterior em mais de 1.790 vagas. Nas informações anualizadas (junho de 2022 a maio de 2023), o saldo ficou em 5.772 vagas, bem abaixo do valor alcançado de janeiro a dezembro de 2022 que foi de 7.549 empregos.
Quando trabalhamos os dados por Regionais verifica-se que no acumulado do ano, nas do Alto e o Baixo Acre, juntamente com a do Purus apresentaram saldo positivo, embora em valores menores que o mesmo período do ano passado. Já as Regionais do Juruá e do Tarauacá/Envira apresentaram saldo negativos, conforme pode ser observado na tabela abaixo. Preocupa a situação da Regional do Juruá, a segunda maior Regional do Estado, que representa 18,5% da população, amargar um saldo muito negativo nos empregos com carteira assinada.
Fiz o exercício de medir a proporcionalidade entre a população de cada Regional e de cada Município entre a população total (com base no censo de 2022) e o estoque de empregos com carteira assinada (com base em maio de 2023), objetivando conhecer a espacialidade dos empregos formais distribuído pelas regionais e municípios acreanos. Verificou-se uma acentuada assimetria dos empregos em relação à população, conforme verificado no gráfico abaixo. Enquanto na Regional do Baixo Acre um em cada 6,3 habitantes trabalham com carteira assinada carteira assinada, na Regional do Tarauacá/Envira, um em cada 27,1 habitantes possuem empregos registrados.
No gráfico abaixo, destaquei a 6 melhores proporcionalidades e as 6 piores, para os Municípios acreanos. A Assimetria fica bastante evidente quando se observa o gráfico. Rio Braco (a capital), e alguns municípios em suas proximidades apresentam a menor (e melhor) proporcionalidade, pois o número dos empregos com registros é bem maior que aqueles que estão na outra ponta, municípios de mais difícil acesso como Porto Walter, Santa Rosa e Marechal Thaumaturgo. Me surpreendeu negativamente a situação de Tarauacá. O Censo do IBGE nos trouxe a informação que, com 43.464 habitantes, tornando-se o terceiro maior do estado, o número de trabalhadores com carteira assinada em maio era de somente de 1.104 pessoas, significando que somente um em cada 39,4 habitantes tinha carteira assinada no município.
No final de 2022 o Jornal Correio Brasiliense divulgou uma reportagem, demonstrando que 69,6% de quem trabalha por conta própria sonha com carteira assinada, ou seja, 69,6% dos que se mantêm por conta própria desejam ter um emprego formal. Os dados são de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre). A pesquisa revelou ainda que, quase um terço dos que possuem empregos formais estão insatisfeitos com o trabalho — e o principal motivo é a baixa remuneração. Os dados são da Sondagem do Mercado de Trabalho, lançada ontem com o objetivo é aprofundar o conhecimento da sociedade sobre a área mediante informações não encontradas nas estatísticas hoje existentes.
Conforme o IBGE, no primeiro trimestre de 2023, existiam no Acre 134 mil pessoas empregadas sem registro, ou seja, na informalidade. Pouco são os trabalhadores acreanos formalizados. O CAGED de maio nos mostra que esse o número com carteira assinada soma 93.775 trabalhadores, portanto, temos 42% a mais de trabalhadores sem registro. O pesquisador da FGV/Ibre, assinalou na reportagem que a pandemia mostrou a instabilidade que a informalidade traz aos trabalhadores. “Os informais, no momento da crise, ficaram limitados na circulação, sem rendimento, não tinha um Fundo de Garantia, não tinham nenhum tipo de auxílio ou benefícios que pudessem ajudá-los a se sustentar nesse período”, afirmou. “Então, esses fatores contribuem muito para que as pessoas que estão por conta própria queiram deixar esse tipo de ocupação e trabalhar numa empresa.”
Esse é o sonho de muitos acreanos que estão à margem da legislação trabalhista.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas