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Fóssil de macaco encontrado no Acre tem mais de 34 milhões de anos

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Na última segunda-feira, 03, um grupo de cientistas revelou que o fóssil de macaco descoberto no Acre, que possui aproximadamente 34 milhões de anos, pertence a um “elo perdido” da evolução desse grupo de animais no Brasil.


O artefato sugere que, além de terem sido ocupadas por símios da África, as Américas também receberam ancestrais de primatas que atualmente habitam a Ásia. A descoberta foi anunciada por um grupo de pesquisadores brasileiros e franceses em artigo na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA.


No trabalho, os profissionais descrevem características da espécie a partir de um dente encontrado na região. Nomeado de Ashaninkacebus simpsoni, segundo os cientistas, liderados pelo paleontólogo Laurent Marivaux, da Universidade de Montpellier (França), a espécie era pequena, como um sagui e seu dente sugere que se alimentava provavelmente de insetos, talvez também de frutas. O nome dado é uma referência ao povo Ashaninka, que habita a região de fronteira entre o Peru e o Acre.

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Os profissionais destacam que já se sabia por outros fósseis que os macacos brasileiros e sul-americanos são descendentes de dois subgrupos de símios que atravessaram de alguma maneira o Atlântico naquela época. O período em questão era a transição entre as eras do Eoceno e do Oligoceno, iniciada há 40 milhões de anos, quando a distância entre os continentes era mais estreita.


No caso dos macacos do Brasil, biólogos não conseguiam explicar muito bem por que algumas características dos macacos do Novo Mundo não remontavam às duas classes de animais hoje presentes na África, os Oligopithecidae e os Parapithecidae. No novo estudo, os pesquisadores apresentam o pequeno primata acreano como um animal que ajuda a explicar um pouco melhor a variedade de símios brasileiros.


O resultado mostra que esse animal é mais parecido com o atual grupo dos Eosimiidae, da Ásia, do que dos primatas africanos já conhecidos da ancestralidade do grupo. “Esses dados destacam algumas das características da história de vida (tamanho muito pequeno e consumo de insetos e frutas) que teriam aumentado as chances de sobrevivência em uma jangada natural durante uma extraordinária viagem transatlântica da África à América do Sul”, escrevem os cientistas.


Viagem transoceânica

Segundo os pesquisadores, animais grandes, sobretudo carnívoros, dificilmente sobreviveriam a uma travessia do tipo. Não se sabe exatamente qual rota essas criaturas tomaram, mas uma hipótese é a de que o leito do Rio Congo tenha passado por períodos de cheia varrendo árvores e material orgânico, que era lançado rumo às Américas.


O fato de outros descendentes do Ashaninkacebus terem ido parar na Ásia, dizem os cientistas, não é paradoxal. Há 35 milhões de anos, havia uma conexão melhor entre a África e a Península Arábica, que atuava como ligação territorial mais extensa entre os dois continentes.


O estudo binacional foi coordenado na frente brasileira por Ana Maria Ribeiro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e teve participação também das universidades federais do Acre, de Santa Maria (RS), de Brasília (DF) e de Pelotas (RS). Além do trabalho de escavação e paleontologia, o estudo incluiu uma análise detalhada de morfologia do dente feita com tomografia computadorizada de alta resolução.


A descoberta, por fim, revelou um grupo de animais com extraordinária propensão à migração. “A presença desses primatas antropóides de pequeno porte em sedimentos do Oligoceno inferior na Amazônia Ocidental demonstra a resiliência dessas linhagens numa dispersão transatlântica e uma notável capacidade de adaptação”, escrevem os pesquisadores.


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