A saída do deputado estadual Emerson Jarude do MDB precisa ser detalhada. É importante para que o leitor perceba como uma postura juvenil, associada a um tom messiânico, pode ser veneno a uma carreira política que se apresenta como promissora.
“O fim da minha história no MDB. Acabo de sair da minha última reunião com a executiva onde fui informado que escolheram seguir com Marcus Alexandre e que estou livre para sair do partido. Seguirei junto aos meus princípios e tudo aquilo que acredito ser melhor para minha terra”.
Que tom é esse, deputado? Que percepção de política é essa que se tem? O que exatamente significa a ideia “… Seguirei junto aos meus princípios e [junto a] tudo aquilo que acredito ser melhor para a minha terra…”? Faltou só jogar o cajado para dividir o Mar Vermelho! Há uma postura de grandiloquência, beirando a soberba, na fala do deputado, exposta ontem (3) nas redes sociais.
É uma fala desrespeitosa. Quando ele diz que “seguirá junto” aos princípios dele, é como se o parlamentar estivesse colocando todos os emedebistas na vala comum de uma grande horda. É como se todos do MDB passassem, a partir da saída do novo moralista, a pertencer a uma súcia, um bando de velhos, ultrapassados e malandros.
Mas a postura juvenil não para por aí. “… seguirei junto a tudo aquilo que acredito ser o melhor para a minha terra…” É quase hilariante! “… ser o melhor para a minha terra!” De qual panfleto saiu isto? Fosse um jornal mimeografado da rapaziada do centro acadêmico do antigo Ceseme, até seria possível encontrar alguma coerência. Mas de um deputado que se apresenta como uma novidade no cenário político local…?!!!! Na verdade, é uma percepção que cheira a teia de aranha. “Coisa de menino-rréi”. Birrento!
Aliás… é o que não falta na política atualmente. Em todo país. Nas redes sociais, fazem gracejos; têm ironias para todos os gostos e situações; corpinhos malhados de academia e suplementos da moda, mas inovar mesmo, no plano das ideias e das ações, poucas coisas apresentam. Ou quase nada. Revelam uma postura conservadora que não dialoga com uma sociedade em constante e frenética transformação.
O MDB teve com Jarude um tratamento republicano. Sem exageros, sem mimos, sem exceções. Ao contrário: o presidente do diretório estadual do partido, Flaviano Melo, chegou a perguntar: “Você quer ser candidato a prefeito pelo MDB?”. A resposta de Jarude foi: “Sim. Quero”. Ao que Flaviano esclareceu. “Pois bem! Então, viabilize sua candidatura”.
Só que isso não aconteceu. E as pesquisas internas do partido foram demonstrando à direção que Jarude não se viabilizou, como orientou o experiente emedebista. Na Política (talvez isso o novo moralista perceba com o tempo), chega um instante que os partidos buscam aquilo que é pragmático. Muitas vezes até pecam por isso. Mas o que a experiência mostra é que chega um momento em que se decide por aquilo que dará resultados práticos. E os números, com essa referência, parecem apontar para um rumo diferente de Jarude no MDB.
No entendimento do deputado, a opção do MDB por Marcus Alexandre será um erro. A imaturidade e a vaidade de Jarude não suportaram essa decisão. A vaidade e a pressa juvenil o tornam incapaz de enxergar que o momento agora é diverso da eleição que lhe deu votação expressiva na Capital. A vida em um partido não é guerra para qualquer soldado.
Como Jarude não tem nada a perder, deve procurar uma sigla partidária que esteja andando dentro de uma pasta de um interesseiro de plantão, sairá candidato para “lacrar” nos debates e aumentar a memória eleitoral junto ao cidadão da Capital, seu maior reduto. Nesse ritmo, Jarude será o Messias dele mesmo.
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