Marcus Alexandre deveria observar com lupa e fone de ouvidos a entrevista do Velho Lobo, Flaviano Melo, ao Bar do Vaz, concedida esta semana no site ac24horas. Não será uma situação trivial acochar tantos interesses em um cinto com poucos furos disponíveis. Este espaço de editorial já tratou do assunto, mas volta ao tema, devido à gravidade da decisão que o ex-petista tem à frente.
A fala de Flaviano é cristalina. “Ele não vai querer e nem nós vamos convidar”, anunciou o presidente do diretório estadual do MDB, sobre a possibilidade de Jorge Viana fazer parte do processo de construção do nome de Alexandre rumo à Prefeitura de Rio Branco. Essa fala deveria deixar Marcus Alexandre, no mínimo, em estado de alerta. E, junto com ele, o presidente do diretório estadual do PT, Daniel Zen.
A pajelança que houve entre Marcus e Jorge Viana serviu para criar novas referências? Sim, serviu. Foi importante para que Alexandre possa conduzir as suas próprias vontades sem estar sob o mando de Viana. Isso é um nível de referencial. Outra coisa bem distinta é excluir. E, neste caso específico, excluir Jorge Viana é quase sinônimo de excluir o próprio PT, coisa que foi dito a Daniel Zen que não seria feito.
Marcus Alexandre está naquele ponto do varadouro que o seringueiro percebe que já passou por um determinado ponto da mata. Ele desconfia, mas segue o passo. De novo percebe que o lugar em que ele está andando… ele já passou por ali momentos antes. Quando isso acontece, o caboclo já sabe o que está acontecendo e o que tem que ser feito: é preciso virar a roupa toda pelo avesso (até mesmo o chapéu) para quebrar o encanto da jiboia já pronta para o bote.
O ex-petista vive uma fase de encanto. Está silenciosamente deslumbrado com a corte que lhe é feita por lideranças dos partidos que, outrora, ele os tinha em pouca monta. Mas a hipnose é forte. A liberdade conquistada coloca o antigo feitor como um bicho horrendo, quase feio. A perspectiva de poder, associada à vaidade, é inebriante. Quase alucina.
Flaviano Melo não deixou de lembrar que “… quem se contrapôs o tempo todo no Acre ao PT foi o MDB”. O Velho Lobo sabe o chão que pisa. A terra está seca na política acreana. Não é inverno, tempo de fartura por aqui, quando o predador pode andar com alguma displicência. Agora é verão: as folhas estão secas, qualquer galho pisado faz barulho e espanta a caça. Dizer que o convite do MDB a Marcus Alexandre abarcaria também o PT, com o perfil conservador do eleitorado local, seria espantar a caça.
A nova tropa de Marcus Alexandre pode ter um integrante como Gladson Cameli, por exemplo. “Cabe. Por que não?”. Foi a resposta de Flaviano Melo quando perguntado se no projeto do MDB caberia Gladson Cameli. As informações estão sendo apresentadas a quem tiver disposição para ouvir.
A tropa do PT está “na cerca”, olhando a combinação de um jogo que ainda nem começou pra valer. Daniel Zen conversou com aquele que ensaia ser o capitão do time. Já houve uma combinação de que a tropa de Zen não seria excluída.
Ao menos com um jogador, Marcus Alexandre não precisa se preocupar. A fala de Flaviano Melo no Bar do Vaz coloca Sérgio Petecão em uma conta já praticamente definida. “Não estará ali o ponto de discórdia”, aceitou Flaviano.
Marcus Alexandre precisa perceber bem rápido que não está mais participando da turma da caiçuma. Agora, a turma que lhe acompanha é do whisky. Os caminhos estão com galhos secos e que estalam com o mínimo peso. Marcus tem que virar a roupa do avesso rápido. Ou será o bote a lhe acabar com o encanto.