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Corte de árvores expõe uma elite e um prefeito

É difícil entender a postura permissiva da Prefeitura de Rio Branco no episódio envolvendo a derrubada dos pés de oiti na Antônio da Rocha Viana, nas proximidades da Unimed e do Supermercado Mercale. Rio Branco é uma das capitais menos arborizadas do país, mas isso parece pouco dizer à administração do prefeito Tião Bocalom.


As políticas compensatórias não resolvem o problema e são pouco pedagógicas. Compensar a derrubada de árvores já maduras por meio de assinatura de um Termo de Compensação Ambiental só tem efeito em dados e índices gerais. A empresa que solicitou autorização para derrubar seis oitis pode plantar 20 hectares em outra área para compensar que o estrago não será minimizado.


A Prefeitura de Rio Branco cobrou R$ 3,9 mil da empresa CYS Ltda, a derrubadora de árvores. Recurso este que, oficialmente, irá compor o Fundo Municipal de Meio Ambiente. A equipe de Bocalom perdeu uma enorme oportunidade de ensinar à empresa e à sociedade rio-branquense como um todo sobre a ideia de “valor”.


Bocalom perdeu a oportunidade de dizer: “Somos nós que temos que nos adequar a elas. O contrário é impossível”. Mas isso seria cobrar demais de um prefeito em cuja campanha disse que iria “governar para as pessoas e não para os macacos”.


Bocalom perdeu a oportunidade de dizer aos arquitetos: “Meus caros, pensem os seus projetos fazendo com que a cidade cresça junto com elas!” Bocalom perdeu a oportunidade de dizer às crianças que monetizar a natureza não vale a pena. R$ 3,9 mil por seis oitis? R$ 652 por um oiti? “Elas não têm preço!” Não se tem prefeito para dizer isso.


A impressão que se tem é que não há dúvidas quando o que está em jogo é derrubar. Há uma raiva contida por tudo o que representa a natureza. Do negacionismo às mudanças climáticas globais às derrubadas das poucas árvores que se tem na área urbana de Rio Branco, a ordem é derrubar.


Há um aspecto estético que também precisa ser levado em conta. Essas galerias que têm sido erguidas em Rio Branco, sem contar muitas casas em condomínios fechados, parecem ter saído da mesma régua e do mesmo compasso. Uma mediocridade no traço. Um minimalismo rastaquera que obedece à lógica do “control C control V” de revistas de arquitetura do Sul Maravilha. É uma estética do complexo de vira-lata que ignora a geografia e a cultura daqui.


A “Galeria Motosserra” deve atender ao que exige uma elite local que parece detestar o Acre: há muita gente que vive aqui, enriquece aqui, mas gosta mesmo é de tudo o que vem de fora ou do que está fora do Acre. Enquanto isso, a cidade arde de calor e com a baixa qualidade de vida.


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