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Liberdade, silêncio e o refresco de graviola

Houve pajelança entre Marcus Alexandre e o ex-governador Jorge Viana. O fato aconteceu em fevereiro deste ano, próximo ao carnaval. O cachimbo não foi da paz e trouxe consequências já bem evidentes. O clima foi tenso. Mas parece ter criado uma referência importante porque deu liberdade a Marcus para conduzir o processo como lhe vier na cabeça.


Aliás, esse foi o grande nó da conversa azeda entre os dois. Traduzindo em linguagem compreensível, o espírito da coisa foi o seguinte:


Marcus (dirigindo-se a Jorge Viana): Quem vai conduzir as decisões sou eu. Não aceito mais imposições. A eleição passada foi demonstração de que o seu vacilo, a sua demora na decisão, a retirada do meu nome para deputado estadual para compor a chapa majoritária foi um processo que resultou em um conjunto de fracassos. Não aceito mais isso.


Jorge Viana ouviu. Os beiços arquearam para baixo nas extremidades (um sinal de que o presidente da Apex não está de bom humor). Ao final da fala de Marcus (o refresco de graviola já estava quase quente e intocado), Jorge Viana olhou para baixo, coçou a cabeça e sugeriu. “Eh… se eu puder contribuir…”.


Nesse momento, Marcus Alexandre retirou o peso do mundo dos ombros e do estômago que, agora, recebia o refresco de graviola em um só gole. O gesto de Marcus Alexandre foi uma espécie de rito de passagem. Ele precisava rasgar com os dentes e com a raiva entalada na goela esse cordão umbilical que o mantinha acorrentado a Jorge Viana.


Talvez, Marcus Alexandre não admita publicamente, mas havia da parte dele um ressentimento em relação a Jorge Viana. Alexandre sabia que o companheiro de chapa demorou a decidir ser candidato ao Governo por uma indefinição de acordos entre Jorge Viana e Gladson Cameli. O que circulou em colunas políticas à época em tintas sem muita cor foi fato. Aconteceu. Havia conversas entre os dois, à revelia do PT.


Enquanto eles não se decidiam, Marcus Alexandre assistia a tudo bestificado, vendo sua eleição à Aleac se desmanchar dia após dia. Os próprios aliados de Jorge Viana cobravam uma definição em entrevistas concedidas à imprensa local. Foi a época em que o ressentimento foi se acumulando em Marcus. Trata-se daquele instante em que o homem precisa sacudir o militante e perguntar aos gritos. “Você não vai reagir?”.


Passada a eleição; passado o retorno da Balsa de Manacapuru; passado o Natal, Ano Novo… o Carnaval foi o momento de Marcus Alexandre organizar a folia que lhe explodia o peito. Ele precisava dar o tom da festa. Sentiu que já tinha condições de conduzir a batuta.


Não seria exagero dizer que, após a “pajelança”, Marcus Alexandre nasceu politicamente. Ele decidiu nascer quando provocou a conversa e vomitou o que lhe oprimia as vontades. Na linguagem de matuto, seria possível afirmar: “Mijou nos cantos”.


Após isso, Jorge Viana, praticamente, suspendeu o Acre de sua agenda. Quando passa por aqui, não concede entrevistas, segue direto para a plantação de café que mantém no interior do Acre, divulga a intensa atividade da Apex, ou fala da mais nova neta, a Mabel. Mas declarações sobre política regional… não se viu mais. Certamente, não lhe falta vontade. No entanto, o silêncio é fruto de um cálculo e de um pacto.


Depois do refresco de graviola de um só gole, Marcus Alexandre começou a intensificar diálogos com os partidos. Tomou café na chácara de Flaviano, falou com Petecão e teve encontros rotineiros com o colega Daniel Zen, do ex-partido.


O ex-petista terá muita responsabilidade a assumir pela frente. A campanha será um bom termômetro de como acomodar vaidades e interesses de todas as cores partidárias e ideológicas. Com um detalhe, sem excluir os amigos do ex-partido.


De qualquer modo, Marcus Alexandre precisa avaliar melhor como entrará em cena. Nesta semana que se finda, ele ensaiou as primeiras críticas a Bocalom. Mas escolheu um mote fraco. Discutir sobre as cores usadas na atual administração é típico de quem não está vendo problemas muito mais graves a serem equacionados.


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