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O Acre e a síndrome do coco derramado

Moisés Diniz era líder do governo de Sebastião Viana na Aleac quando foi criada a Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre. Por essas ironias que, talvez, nem a Ciência Política consiga explicar, ele hoje é o presidente da fundação na gestão de Gladson Cameli. O site *ac24horas* lembra esses fatos para tratar do que disse o colega de Diniz no atual governo, ontem na Assembleia Legislativa.


Assurbanipal Barbary de Mesquita, secretário de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia, usou a expressão “debandada de talentos” para descrever os jovens que deixam o Acre para viabilizar seus projetos fora daqui.


“São jovens recém-formados que, sem apoio, estão deixando o Acre e indo para Santa Catarina e outros Estados em busca de ajuda para seus projetos”, escreveu o repórter do *ac24horas* que cobriu a ida do secretário à Aleac, Marcos Venicios. Um projeto do Executivo foi apresentado ao parlamento. O objetivo é básico: estimular a permanência desses jovens talentos aqui. O governo quer parar a sangria.


No entanto, como já é praxe, o Executivo não diz claramente como pretende fazer. Uma carta do governador Gladson Cameli foi apresentada. O texto fala “da necessidade de atualização da norma estadual referente à inovação tecnológica”. A Lei que trata do assunto é a nº 3.387, de 21 de junho de 2018.


A carta do governador é mais um amontoado de intenções. “(…) criar ambientes propícios a parcerias público-privadas no desenvolvimento de inovações e incentivar a transferência do conhecimento acadêmico para o setor empresarial, com o intuito de incitar a pesquisa científica, tecnológica e a inovação, facilitar a transferência de tecnologia, incentivar os pesquisadores, bem como estimular a aproximação conjunta dos setores de processo de inovação e o investimento em atividades econômicas de base tecnológica”. A pergunta básica é: “Como?”


A própria Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre tem números e medidas mais práticas. O presidente da Fapac, Moisés Diniz, já fez os cálculos: se cada deputado estadual destinar 2% das emendas individuais e cada parlamentar federal fizer o mesmo com 1% das emendas individuais, isso resultaria no apoio a 400 estudantes acreanos com bolsas de R$ 1,1 mil.


Os critérios de seleção desses estudantes é claro que mereceria um detalhamento ainda a ser elaborado. Mas a sustentabilidade financeira dessa ação da Fapac viria da atuação parlamentar do Acre, tanto estadual quanto federal.


A destinação de bolsas é muito mais inteligente do que construir o que antes havia na Capital. A Casa do Estudante Acreano deixa um saudosismo sem razão: a manutenção do espaço e os problemas que eram necessários serem resolvidos da convivência entre jovens de formação e lugares tão distintos exigiam muita energia do governo.


É mais razoável destinar um bocado de tostão aos estudantes e eles mesmos decidirem como gerenciar no aluguel de um quarto de pensão, na alimentação, no transporte. Quando deputado federal, Angelim tratou de destinar algum bocado de recurso para a Fapac. Mas pouco se sabe a destinação que foi dada ao recurso.


Já que a carta do governador traz apenas um conjunto de intenções, seria o caso de fazer uma sugestão: comprar todos os cocos produzidos no Juruá por incentivo do governador Sabastião Viana para ajudar a suprir a necessidade dos moradores da Capital com água. Moisés Diniz agradaria a todos, sem risco de atentar contra a coerência. A promoção da Ciência é, por aqui, uma obrigação do poder público. Quem não vigia esse princípio agora… depois não adianta chorar pelo coco derramado.


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